O agente penitenciário Adriano irá viver uma longa noite de pesadelos
Sabe aquela mudança radical na direção esperada ou prevista da narrativa de um filme? Quando tudo aquilo que pensávamos que sabíamos, que era certo, toma um rumo totalmente diferente? Pois é justamente isso o que acontece em determinado ponto de Carcereiros: O Filme. Arrisco até a dizer que o longa do diretor José Eduardo Belmonte tem um dos maiores plot twists do cinema nacional.
Baseado no livro de mesmo nome de Drauzio Varella e já tendo se consagrado como seriado de sucesso na Rede Globo, Carcereiros chega às telonas trazendo novamente o carismático Rodrigo Lombardi como o agente penitenciário Adriano e, surpresa positiva, ficou bem acima das expectativas.
Tudo começa com a chegada do terrorista estrangeiro Abdel Mussa (Kaysar Dadour) à penitenciária onde trabalha nosso protagonista, cujo trabalho era bastante perigoso: manter o criminoso gringo em segurança durante uma noite inteira enquanto a tensão entre duas facções rivais da prisão se inflama.
Estamos falando de um filme escuro, uma vez que o gerador de energia da penitenciária explode logo no começo da história. A partir daí, o expectador tem a sensação de estar usando óculos de visão noturna e tudo fica meio esverdeado – sacada sensorial muito boa de Belmonte. Assim, nesse cenário, começa a ação (e põe ação nisso – é fuzil, bomba de gás e o diabo a quatro, vale tudo na prisão de Belmonte!).
Pode-se dizer que Carcereiros é um retrato fiel da realidade brasileira, em que os criminosos são muito melhor equipados do que a polícia, carcereiros precisam se humilhar perante os presos e os privilégios de detentos mais “importantes” (os gravatas) são visíveis. Esse seria também o caso de Abdel, por exemplo que, por ser um criminoso de categoria internacional, “desaloja” vários de seus companheiros encarcerados para ficar com uma cela só para ele. E aqui é necessário fazer um parêntese: não esperem muito da atuação de Kaysar Dadour que, para dizer a verdade, foi bem pífia.
Acima de tudo, não fiquem surpresos se não encontrarem em lugar nenhum da trama o grande herói salvador da pátria, porque Adriano está longe de sê-lo. Ele é apenas um homem comum que escolheu trabalhar no inferno dia após dia, e como ele mesmo comenta em uma cena, não reclama disso.
E eu não reclamo nem um pouco de Carcereiros, com exceção, é claro, do som. Seria tão bom se o cinema nacional adotasse legendas, mesmo que a língua falada seja a nossa, porque só assim deixaríamos de perder diálogos importantes em razão da precariedade do áudio.
Uma resposta
Concordo em gênero, número e grau!