– SPOILER ALERT –
Depois de 30 anos, a segunda Convenção das Bruxas (The Witches) teve início no cinema. Da primeira vez, em 1990, Angelica Huston presidiu o sombrio longa do diretor Nicolas Roeg. Agora, em 2020, o cargo passou para Anne Hathaway, que comandou a versão mais divertida e mais voltada para o público infantil de Robert Zemeckis.
Baseadas na obra literária As Bruxas, de 1983, do autor Roald Dahl, ambos os filmes contam a história de um menino que enfrenta uma legião de bruxas na forma de um rato. Entretanto, a narrativa mais recente se aproxima mais do livro em termos de enredo do que a da década de 90. De resto, ele segue livre, principalmente no que se refere ao estilo do elenco.
Mesmo assim, a história tem tudo para repetir o sucesso de 30 anos atrás, e isso é garantido pela brilhante atuação de Anne Hathaway como a Grande Bruxa Rainha. Ganhadora do Oscar, ela mostrou mais uma vez sua versatilidade como atriz e porque é um dos grandes nomes de Hollywood. E não é para menos. Ela foi escalada vencendo nomes como os de Claire Foy, Uma Thurman, Kate Winslet, Charlize Theron, Rachel Weisz, Catherine Zeta-Jones, Keira Knightley, Natalie Portman e Natalie Dormer, todas consideradas para o papel. O sotaque húngaro que ela consegue fazer é algo de simplesmente sensacional e o ponto alto do longa.
Assim, a atriz é o coração da história, contrastando diretamente com a personagem literária original, descrita como pequena e morena. Em oposição, Hathaway encarna sua personagem do alto de seu um metro e setenta e cinco de altura, exibindo chamativas madeixas louras. Ademais, a única coisa que deforma seu rosto bonito, delatando sua condição de bruxa, é a boca mais larga. E depois, claro, quando ela realmente se transforma (já que essas criaturas são por natureza medonhas), o CGI – do qual Dahl usou e abusou em seu filme – entra em ação.
O CGI utilizado, aliás, é um tanto exagerado, talvez uma das poucas coisas que passam do ponto, cansando um pouco apesar de, em certos momentos, arrancar umas boas risadas. Apesar disso, as bruxas são bem menos horripilantes agora do que em 1980.
Ademais, a ambientação original também foi mudada, passando das terras inglesas para o estado americano do Alabama para que as raças pudessem ser misturadas, vez que a população da Inglaterra é majoritariamente caucasiana. Já o final permaneceu o mesmo do livro, mantendo as crianças como ratinhos ao invés de fazer com que elas voltassem à sua forma original.
Mas o melhor do filme é mesmo a diversão que é proporcionada pela antagonista principal, com seu figurino incrível, seus movimentos exagerados e (menciono mais uma vez) seu sotaque incrível. O cenário principal – o hotel chique onde acontece a reunião dessas divertidas bruacas -, também é muito bem utilizado, dando a ambientação ideal que a criançada gosta. Isso, sem contar, é claro, a presença sempre bem-vinda de Octavia Spencer como a simpática Vovó – nem preciso falar que ela é maravilhosa em tudo o que faz.
Portanto, se há uma convenção na qual os pais gostariam de levar seus filhos não tenham dúvida. É a Convenção das Bruxas.
