Liam Neeson é daqueles atores que se recusam a envelhecer (e isso não é uma crítica, é algo admirável!). Tendo como principal linha de atuação os filmes de ação, é impossível não amar cada um dos seus personagens, ainda que os filmes em si sejam fracos, como é o caso de Agente das Sombras (Blacklight), seu mais novo trabalho, já disponível nas principais plataformas de streaming.
Na estória, Neeson interpreta Travis Block, um agente extraoficial do governo que carrega um passado sombrio. Mas quando ele descobre uma conspiração voltada para cidadãos americanos, acaba entrando na mira do diretor do FBI, a quem ajudava a proteger.
É quase que uma característica dos trabalhos do ator uma ligação forte com as relações familiares, fato que os torna ainda melhores. Dessa forma, grande parte da ação da maioria dos filmes que estrela é desencadeada quando alguém resolve mexer com sua família, como no caso do excelente Busca Implacável (Taken, 2009), quando uma máfia sequestra sua filha; do ótimo Missão Resgate (The Ice Road, 2021), em que ele é o protetor do irmão; e agora de Agente das Sombras, em que ele precisa salvar a filha e a neta de seu inimigo.
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Sendo assim, mesmo que seja praticamente inconcebível que ele consiga lutar em pé de igualdade com homens três décadas mais jovens, ou fazer as peripécias que seus personagens exigem, é impossível não torcer por ele e acreditar que seja capaz.
Por outro lado, Agente das Sombras possui certa pretensão técnica que até funciona em alguns momentos, como o uso sucessivo e rápido de zoom in e zoom out para aumentar o suspense da estória e simbolizar o transtorno obsessivo-compulsivo de Block. A paleta de cores, o cenário, os ângulos tortos e a busca pela simetria também dão certo charme às imagens, o que torna o filme visualmente bonito.
No entanto, o roteiro falha do começo ao fim, o típico exemplo da boa premissa que não é bem executada, exatamente como ocorreu nos dois longas anteriores do diretor Mark Williams, Legado Explosivo (Honest Thief, 2020), também com Liam Nesson, e Um Homem de Família (A Family Man, 2016), com Gerard Butler. Nenhum deu certo.
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O filme rejeita a boa narrativa em favor da ação forçada, o que o torna um pouco cansativo e, além disso, todos os coadjuvantes, sem exceção, são vazios e fracos, a começar pelo vilão, Gabriel Robinson (Aidan Quinn) e a jornalista ativista Mira Jones (Emmy Raver-Lampman), que está lá para praticamente nada. Personagens rasos e estereotipados que não ajudam em nada. Ainda, o desenvolvimento da estória deixa muito a desejar e o desfecho é simplesmente e sinceramente pífio.
Sendo assim, a relação linda de Travis com a neta Natalie (Gabriella Sengos) é a única coisas que realmente vale a pena. Neeson, com seu carisma, é o coração e a espinha dorsal de Agente das Sombras, assim como o foi em Legado Explosivo, o que nos leva a pensar porque Williams continua escalando o ator para suas produções (ou por que o ator continua aceitando os trabalhos do cineasta…).