Crítica de filme

Exorcismo Sagrado

Publicado 3 anos atrás
Nota do(a) autor(a): 4.2

Em 1973, um dos maiores clássicos do cinema de terror era lançado. O Exorcista ditou tendências e, até hoje, fã desse gênero, considero a obra de William Friedkin o maior filme de horror de todos os tempos. Desde então, vários filmes com a mesma temática foram lançados, nenhum chegando nem perto da qualidade ou do sucesso da película de Friedkin. Exorcismo Sagrado, de Alejandro Hidalgo, também não chega, mas o filme tem seu diferencial e, particularmente, chamou minha atenção.

Assim como em O Exorcista, Exorcismo Sagrado segue um padre, só que, no caso, a estória se passa no México, quando um sacerdote americano que estava tentando expulsar um demônio do corpo de uma mulher acaba possuído por ele e comete então o mais terrível dos sacrilégios. As consequências começam a aparecer dezoito anos depois.

Tudo é muito certinho e bem feito nessa película. Desde o roteiro até a escolha do elenco não há nada a se reclamar. Excelente fotografia, boa trilha sonora e, um detalhe especial: a escolha da locação principal para o demônio aparecer: uma prisão do terceiro mundo.

Como dito, O Exorcista fez escola e Hidalgo mostrou que aprendeu direitinho as lições do mestre Friedkin. Tudo é bastante parecido, mas não se pode negar que Exorcismo Sagrado tem personalidade.

Toda a questão que se quer abordar está muito bem retratada em seu herói, se é que assim podemos chamar o padre Peter Williams (Will Beinbrink) depois do sacrilégio que ele cometeu, mas o certo é que podemos enxergar com clareza a máxima que diz que Deus escreve certo por linhas tortas, e quem somos nós para julgar?

Ah! Quisera eu poder falar mais sem cometer o pecado do spoiler, mas a dúvida que fica é a seguinte: seria Peter somente mais um de nós, humanos comuns e imperfeitos, ou um verdadeiro santo? Melhor ainda: para ser um verdadeiro santo, é preciso renunciar à própria humanidade?

Exorcismo Sagrado não é melhor nem tão bom quanto O Exorcista, mas embora parecido, se diferencia em alguns aspectos. De alguma forma, pode-se dizer que essas questões filosóficas zetéticas são ainda melhor exploradas aqui do que lá.

Sendo assim, o filme retrata um verdadeiro cabo de guerra entre o poder do desejo e o poder do perdão, entre o amor pelo próximo e a autopiedade, entre a vaidade e a humildade. O demônio sabe explorar isso muito bem, mas será que Deus não faz ainda melhor?

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Exorcismo Sagrado Poster
País: México, Venezuela, EUA
Direção: Alejandro Hidalgo
Roteiro: Santiago Fernández Calvete, Alejandro Hidalgo
Idioma: Inglês

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