Crítica de filme

Festival do Amor

Publicado 3 anos atrás

Woody Allen é controverso, daqueles diretores ame o odeie, dono de um estilo bem característico que gosta de focar bastante nas questões internas de seus protagonistas e nas belezas de seus cenários que, inclusive, em boa parte das vezes estão nos títulos de suas obras.

Fica cristalina, portanto, a predileção do cineasta pelo cinema de arte europeu, fato que se reflete óbvio na forma de seus filmes. A Paris de Meia-Noite em Paris, a Nova York de Um Dia de Chuva em Nova York, a Barcelona de Vicky Cristina Barcelona, todas parecem pinturas clássicas de um mundo lúdico e belo, que vale a pena ser visto independente da história que está se passando.

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Com Festival do Amor (Rifkin’s Festival), seu mais novo longa, não é diferente. Embora não esteja no título, dessa vez nos encontramos no cenário paradisíaco de San Sebastián, cuja beleza se junta à fantasia do cinema numa metalinguagem bonita de homenagem aos grandes mestres da sétima arte – e aproveita para dar uma alfinetadinha em Hollywood.

O enredo segue Mort Rifkin (Wallace Shawn), que acompanha sua mulher ao Festival de Cinema de San Sebastián, na Espanha. Cada um a sua maneira, ambos se deixam levar pelos encantos e beleza da cidade e pela fantasia do cinema.

Wallace Shawn e Gina Gershon em Festival do Amor
Wallace Shawn e Gina Gershon em Festival do Amor © 2021 Divulgação

Ex-professor e fã dos clássicos, Mort representa as paixões do próprio Allen, enquanto Sue (Gina Gershon), sua mulher, mais jovem e mais fresca, simboliza o vigor e o protagonismo do cinema norte-americano. Talvez seja por isso que ele se sinta atraído pela médica local, Dra. Jo Rojas (Elena Anaya), enquanto Sue se encanta pelo jovem diretor em ascensão, Philippe (Louis Garrel).

Gina Gershon e Louis Garrel em Festival do Amor
Gina Gershon e Louis Garrel em Festival do Amor © 2021 Divulgação

E é assim que, em em 88 minutos, durante um dos glamourosos festivais de cinema espalhados pelo mundo, acompanhamos Mort numa autorreflexão sobre sua vida e suas prioridades, enquanto apreciamos a pintura de Allen na tela e a atuação encantadora de Wallace Shawn.

Elena Anaya e Wallace Shawn em Festival do Amor
Elena Anaya e Wallace Shawn em Festival do Amor © 2021 Divulgação

Fã do cinema como um todo, mas tendo minhas próprias preferências, consigo apreciar tanto o cinema europeu quanto a máquina hollywoodiana, e em minha opinião, Woody Allen consegue misturar um pouco das duas coisas, suas obras ficando no meio termo delas, nem tanto ao céu nem tanto à terra. Sua competência, no entanto, mesmo para aqueles do time “odeio o Woody”, é inquestionável.

Festival do Amor carrega com orgulho sua assinatura, a história simples de uma pessoa, muito bem contada em cima de uma belíssima fotografia e através de atuações muito competentes. Você vai querer sair da sala de cinema diretamente para a Espanha do cineasta.

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Festival do Amor Poster
País: Espanha, EUA, Itália
Idioma: Inglês

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