Crítica de filme

Finch

Publicado 3 anos atrás

Quando vi o nome de Miguel Sapochnik como diretor de Finch, longa da Apple TV+ estrelado por Tom Hanks, meu coração se alegrou e minha mente viajou para os melhores episódios de Game of Thrones, como o famoso Batalha dos Bastardos (Battle of the Bastards, 2016), que ele comandou. Mesmo que sua experiência maior seja com a TV, todas as minhas expectativas subiram para o último nível, alavancadas ainda mais pelo nome do protagonista, e não me arrependi.

Finch pode não ter sido o melhor filme do ano, mas com certeza, é um dos mais comoventes. A história segue o homem que dá nome ao longa, o único sobrevivente de um apocalipse em St. Louis, que constrói um robô para tomar conta de seu cão. Quando o clima piora consideravelmente, eles são obrigados a viajar para o oeste e o robô começa a aprender com seu criador.

Muito diferente de seu último trabalho épico na HBO, em que teve que criar batalhas memoráveis e tinha o peso da responsabilidade de Game of Thrones nas costas, em Finch Sapochnik cria uma história relacional em todos os sentidos. A relação de um homem consigo mesmo, já que a personagem de Hanks vive solitária em seu mundo pós-apocalíptico; de um homem com seu animal de estimação, uma relação muito mais forte do que se pode imaginar; e principalmente, a conexão de um homem com seu pai, uma das mais definitivas da vida.

Sendo assim, até parece que estou falando de uma história piegas e enfadonha, sensação que piora quando se sabe que Finch, o robô e o cão são os únicos atores do longa. Essa sensação não se confirma, no entanto, quando assistimos ao filme. Não é, obviamente, uma película de muita ação, mas está longe de ser entediante. Lembrem-se que estamos falando de Miguel Sapochnik em parceria com Tom Hanks.

Assim, como dito anteriormente, Finch é sobre paternidade e sobre as marcas que

todo “criador” pode deixar na vida de sua “criatura”, seja ela uma pessoa, um cão ou até mesmo – e por que não? -, uma máquina. E o diretor sabe colocá-las muito bem em um roteiro interessante, inteligente e surpreendentemente dinâmico.

A parte técnica é outra coisa que chama a atenção. Como estamos assistindo a uma história pós-apocalíptica, é óbvio que a destruição é o que mais se vê e, no caso, o longa se abre para um mundo desértico devido à destruição da camada de ozônio e o consequente aumento da temperatura, com raios UV em tal nível que tornam praticamente impossíveis a sobrevivência humana e animal. Mas a beleza da fotografia não é menor que a história que se passa, destaque para a cena da aurora boreal no meio da noite californiana. Não posso deixar de também chamar a atenção para a trilha sonora – sobre ela não se pode dizer menos de que é uma delícia de se ouvir!

Como uma vez cantou Don McLean em American Pie:

Há muito, muito tempo
Eu ainda consigo me lembrar
Como aquela música costumava me fazer sorrir
E sabia que se tivesse minha chance
Eu poderia fazer aquelas pessoas dançarem
E, talvez, elas seriam felizes por um tempo

(…)

Por tudo isso é que não me surpreenderia se Finch fosse a principal aposta da Apple TV+ para a temporada de premiações. Seria um reconhecimento muito merecido, especialmente para um diretor que sabe fazer seu trabalho e agora, demonstrou sua versatilidade no mundo da produção audiovisual. Termino aqui com mais uma frase de McLean, escolha perfeita para resumir o filme em análise.

(…) Mas algo me comoveu profundamente
No dia em que a música morreu (…)

Compartilhar
Finch Poster
País: Reino Unido, EUA
Idioma: Inglês

Respostas de 2

  1. Ótimo filme, ótima critica, é minha aposta para as premiações,talvez não é esse o melhor do ano,mas no top 5 está fácil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *