Decepção. Essa tem sido a palavra mais escutada na internet quando falamos dos últimos filmes da Marvel. Alguns projetos até tentaram manter uma centelha de esperança viva, mas em um quadro geral, tem faltado organização para contar as histórias de super-heróis na empresa de entretenimento da Disney. Contudo, tinha um filme que segurava as expectativas dos fãs, Guardiões da Galáxia Vol. 3. Venhamos e convenhamos, o longa nem parece fazer parte da fase 4, já que respira uma narrativa individual e totalmente distante do universo compartilhado Até mesmo a aparição do grupo em Thor Amor em Trovão me gerou um desconforto.
Mas aqui, os espectadores puderam sentir como eram os anos de glória que Kevin Feige construiu. E quem diria que a gente só precisava de uma missão simples para ter esse gostinho que foi salvar a vida de um amigo -no caso, o Rocket (Bradley Cooper). Não vou destacar todos os problemas dos últimos filmes do estúdio, e sim, exaltar as qualidades que esse Vol. 3 de Guardiões da Galáxia entregou aqui. No final, você pode concluir o que está faltando na receita de bolo que, um dia, já foi a melhor de todas.
Dessa vez, nossos heróis duvidosos enfrentam um impasse pessoal: decidir seu destino de uma vez por todas e confrontar as consequências do passado. Mas não do jeito galhofa que o Peter Quill (Chris Pratt) fez no segundo filme. Agora os riscos são maiores, assim como as ameaças. Exatamente, mesmo após Thanos, mesmo após 80% do grupo ter virado pó. Deixar de existir é fácil, lidar com os fantasmas e seguir em frente é o real desafio.
A Marvel entregou ao longo de sua jornada todo tipo de vilão – carismático, questionável, que estava certo em alguns pontos e até aqueles que ninguém liga, mas acredito que é a primeira vez que testemunhamos alguém realmente desprezível, capaz de aterrorizar da criança ao idoso! O propósito do Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji) consegue ser pior do que o de Thanos, pois enquanto o Titã Louco queria equilibrar o universo e proporcionar uma chance de todos prosperarem, no Alto Evolucionário falta qualquer sentimento de empatia. Ele é o cientista e todos nós somos as suas cobaias, ele se coloca no papel de deus, mas não há qualquer característica divina. E a forma como Iwuji realizou essa performance o coloca fácil no panteão de personagens da Marvel, o que é um milagre, considerando que esse Universo já passou do seu auge.
James Gunn encerrou a trilogia reduzindo a quantidade de piadas e investindo pesado na carga emocional dos Guardiões. Não duvido que passar mais tempo na DC afetou seu processo criativo, e AINDA BEM se foi esse o caso! Apesar de todos os problemas da concorrência, quando a DC investe em desenvolvimento de personagem é primorosa e não deixa margem para dúvidas. Até os problemas envolvendo efeitos especiais que estão sendo uma dor de cabeça pra Marvel não respinga aqui. Todas as criaturas em CGI são autênticas, carismáticas e ameaçadoras. Uma cena em específico mostrou o cuidado que tiveram com a edição, uma certa batalha num corredor em plano sequência. Por isso eu ressalto, não parece um filme da fase 4, na verdade, deveria ter sido lançado após Ultimato, para segurar ainda mais o sentimento de clímax e despedida.
E não se pode deixar de mencionar que apesar de todos os personagens serem dignos de destaque, o filme é de Rocket! Mergulhamos em seu passado trágico, e, por conta disso, todas as besteiras que ele fez são automaticamente perdoadas. Nebula (Karen Gillan) segue firme como uma das melhores antagonistas da Marvel – uma tristeza que não recebeu todo o amor que merece da fanbase, Gillan precisa de novas oportunidades na indústria pra ontem! Também fiquei muito preocupada com o papel que a Gamora de Zoë Saldaña iria desempenhar aqui – achei que ela ficaria deslocada depois dos eventos de Ultimato, mas Gunn ainda descolou tempo para reescrever sua história de um jeito único, dando o desfecho que ela realmente merecia!
Já o tão esperado Adam Warlock (Will Poulter) foi a fagulha que deu início aos problemas dos Guardiões, mas encontrou dificuldade para se encaixar na narrativa. Com o tempo, no entanto, acabou entrando no ritmo. Estou curiosa para saber o que vão fazer com ele nas próximas aventuras do UCM.
Sem muitas ambições, os Guardiões da Galáxia eram personagens sem destaque nos quadrinhos, que ganharam um enredo de alívio cômico no MCU. Mas desde a primeira aventura do grupo, ficou claro a força que James Gunn colocou na história de cada um e conseguiu encerrar a trilogia com cada personagem encontrando seu destino individual depois de penosos anos de luta. O Senhor das Estrelas e companhia eram pagos para realizar algumas missões e eliminar ameaças de planetas pequenos. No percurso, acabam entrando acidentalmente numa guerra multidimensional, depois constroem uma base de operações em Lugarnenhum, acolhem algumas criaturas sem eira nem beira que formaram uma sociedade de renegados e por fim, se reconhecem como uma família disfuncional. Contudo, a história mostra que no fim, eles viraram lendas!