É até estranho criticar esse filme depois de toda minha jornada com a franquia nesta última semana. O portal O Cinema É publicará dia 31 de outubro um especial Halloween em que comentaremos sobre todos os filmes da saga, e me ofereci para publicar a crítica de todos os já lançados.
Foi um percurso tortuoso, muitos longas, nem todos bons (longe disso na verdade), mas finalmente terminamos – ou quase isso, já que ainda falta a versão de 2018. Assisti e critiquei todos desde Halloween II – O Pesadelo Continua (1981) até Halloween II [sim, o mesmo nome] (2009). Agora, para completar o ciclo, vem à seguir meu comentário sobre o filme original, dirigido pelo grande John Carpenter em 1978.
Sempre me chamou a atenção o quão simples é esse Halloween (1978). Se suas sequências tentam inovar do ponto de vista narrativo, criando pomposas e exageradas viradas de roteiro, mudando inúmeras vezes o material base criado por Carpenter e Debra Hill, aqui a acessibilidade da história é uma marca: um maníaco retorna à sua cidade natal e está à solta matando babás na noite de Halloween.
Mas o que transforma essa obra num clássico absoluto é sua execução.
Com sua trilha sonora minimalista e marcante, o argumentista, músico, produtor, roteirista, editor, compositor e diretor de cinema John Carpenter estabelece o clima. São poucas as trilhas que são maiores que seus filmes, mas diria que assim como a The Good, The Bad And The Ugly de Ennio Morricone se tornou sinônimo de western e Bernard Herrmann em Psicose se torna sinônimo de thriller – aqui John cria um tema sinônimo de terror, ou no mínimo cinema de slasher.
A movimentação de câmera e a decupagem são tão precisas quanto se pode ser. A dinâmica de encenação é despojada, mas bem pensada. Existem cenas como a que Michael para com o carro enquanto o Dr. Loomis (imortalizado pelo brilhante Donald Pleasence) fala sobre seu perigo e que o assassino estava à solta em Haddonfield – são pequenas sequências como essa que demonstram como no cinema (e na Arte no geral), quantidade, ou nesse caso, complexidade ou alto nível de investimento, não são garantias de efetividade. Muitas vezes menos é mais, e Halloween é um exemplo perfeito disso.