SPOILER ALERT!
Nada de saias ou vestidos. Nada de cantoria. Nada de interesses amorosos. Raya e o Último Dragão não é um filme da Disney tão clássico assim! O que os diretores queriam era uma história girl power assim como Moana (2016) e Valente (2012), e o resultado ficou tão excelente quanto a mensagem que a animação passa, que é a beleza e o alívio de se poder confiar no próximo.
Sendo assim, a película segue a jornada de Raya (Kelly Marie Tran), uma jovem guerreira que assume a missão de encontrar o último dragão da antiga civilização de Kumandra e juntar as partes da única joia que pode afastar a escuridão do mundo.
Com o jeito Disney de ser, o longa retrata a força das mulheres, mas em Raya, mantém toda a suavidade intrínseca ao gênero feminino, mesmo que ela prefira usar uma estética mais leve e confortável do que os vestidos pesados e bufantes tão peculiares e ligados às princesas em geral – eu, particularmente, adorei o look! E até mesmo em suas cenas de luta em estilo marcial indonésio – detalhe que a diferencia das protagonistas clássicas da casa do Mickey Mouse -, é possível observar a delicadeza dos movimentos e da personalidade de Raya, o que a mantém, afinal, no gênero princesa Disney. Girl power!
Mas não é só em relação à protagonista que a Disney se utiliza dessa narrativa mais contemporânea, e em Namaari (Gemma Chan) surge a inovação de a antagonista ser também uma princesa, e não uma bruxa ou feiticeira. Ela e Raya possuem o mesmo nível de habilidades, apesar de Namaari ser mais musculosa e adotar um estilo peculiar de corte de cabelo, e Raya, como já mencionado, ser mais delicada. Girl power!
Temos ainda uma terceira garota da história, se contarmos a dragão Sisu (Awkwafina), que também é do sexo feminino. Ela age como uma mistura da fada madrinha da Cinderala com o gênio da lâmpada do Aladdin, mas é mais legal que os dois juntos! Seus poderes aumentam enquanto vamos conhecendo-a melhor e se Raya é o cérebro da excelente dupla, Sisu é o coração. Girl Power!
E finalizando todo esse poder feminino, temos ninguém mais, ninguém menos do que a bebê fenômeno Noi (Thalia Tran) e seus macacos. Órfã, a pequena é obrigada a se virar antes de aprender a falar ou andar. Os momentos mais cômicos do filme com certeza pertencem a ela. Girl power!
Mas também existem alguns meninos na história e todos são fofos, já que o papel de vilã cabe a Namaari. Assim, temos o tatu bola Tuk Tuk (Alan Tudyk), o garoto Boun (Izaac Wang) e o gigante Tong (Benedict Wong), sem falar é claro, no pai de Raya, Benja (Daniel Dae Kim), amigos leais que gostaríamos de levar para a vida toda.
Fora isso, a qualidade da animação é impecável tecnicamente falando, colorida e animada, mesmo no clima tenso de ataque iminente constante da história. Pode-se contar também com alguns simbolismos, como o gesto que as pessoas fazem diante de um dragão ou os poderes que Sisu vai adquirindo. Mas o mais forte desses símbolos é sem dúvida a água, que além de vida, aqui revela-se como o último recurso de proteção. E a trilha sonora funciona muito bem, mesmo sem todos aqueles temas cantados!
Por fim, é interessante notar como mesmo em um mundo reinventado, o enredo retrata tão bem as mazelas da humanidade e, sendo o primeiro filme da Disney dos anos 2020, ilustra com perfeição o atual estágio em que se encontra nossa espécie. Kumandra pode ser a paródia perfeita para a ancestral Pangeia, quando todas as terras do nosso planeta eram unidas, mas assim como na animação, não sabemos o quão perto estamos de nos juntar novamente.
Sendo assim, Raya e o Último Dragão é diversão garantida para toda a família, um filme fofo e de qualidade que superou minhas maiores expectativas. Sou suspeita no que se refere aos dragões, porque adoro aquelas criaturas, mas Raya se destaca como uma das melhores protagonistas femininas desde há algum tempo, uma daquelas por quem temos orgulho de torcer!