Sam (Tony Musante), um estrangeiro norte-americano na Itália, testemunha uma tentativa de assassinato bastante peculiar, em que um estranho encapuzado esfaqueia uma mulher e foge antes de completar o ato, deixando-o preso no local juntamente com a mulher ferida. Depois disso, sendo considerado suspeito pelo ataque, bem como de uma série de assassinatos de mulheres na cidade (obra de um serial killer misterioso), Sam resolve iniciar por iniciativa própria uma investigação para descobrir a identidade do assassino, mesmo que tenha que arriscar sua própria vida no processo.
Um dos fatores elogiáveis em O Pássaro das Plumas de Cristal é o uso criativo das cores na direção de fotografia, o que já pode ser apontado logo nos primeiros minutos da obra, quando vemos pelo ponto de vista do assassino (sob o olhar de uma câmera), uma mulher destacando-se com a cor vermelha do vestido, prenunciando sua morte, uma vez em que logo seguida, somos apresentados à coleção de facas do maníaco.
Da mesma forma como as cores, elemento bastante utilizado como assinatura de suas obras, Dario Argento utiliza também um uso bastante inteligente das luzes, desenhando com luz chapada as cenas claras (uma caraterística da época) contrastando com o uso das sombras nas cenas escuras, especialmente as cenas de suspense ou de perseguição.
Em momentos em que observamos o mundo sob o ponto de vista do assassino, a direção opta por se utilizar da técnica de câmera de mão, a fim de tornar a cena mais imersiva por parte do expectador, transportando-o para dentro da história de uma forma mais pessoal.
O enredo possui uma trama bastante articulada para a época, mesmo considerando as decisões estúpidas dos personagens principais, colocando-se em risco à todo momento, praticamente um modus operandi de realizadores de filmes de terror ou suspense.
Um elemento que é preciso apontar, mesmo que apenas a título de reflexão, está em algumas características da época, que refletiam alguns problemas da sociedade. O machismo está extremamente presente na narrativa e pode ser percebido na forma displicente com que os homens tratam as mulheres na obra, uma vez que elas não têm voz e são negligenciadas a todo momento, evidenciando apenas a importância e a potência dos homens. Mesmo as personagens femininas importantes são retratadas de forma insana e caricata.
Apesar de pequenos detalhes que podem incomodar parte do público contemporâneo, O Pássaro das Plumas de Cristal se mantém como um clássico imortal que vale a pena ser revisitado.