Imperdoável acompanha o drama de Ruth Slater (Sandra Bullock) que, depois de ficar presa por vinte anos graças a um crime violento, tenta retomar sua vida. Mesmo enfrentando dificuldades para se adaptar a uma sociedade relutante em perdoar seu passado, ela tem esperança de encontrar a irmã que ela havia sido forçada a deixar para trás.
Adaptar um filme a partir de uma história que já existe pode ser uma faca de dois gumes. Se por um lado existe a oportunidade de renovar uma trama que ficou esquecida e alcançar novos públicos, do outro haverá comparações e críticas caso o filme são seja fidedigno o suficiente para justificar o remake.
Sendo assim, apesar de não ter acompanhado a minissérie que inspirou a nova obra da Netflix, parece que o projeto desagradou os espectadores da série. Pensando no filme individualmente, é possível entender a frustração, já que é uma narrativa complexa que deveria ter mais tempo para explorar o núcleo de cada personagem, especialmente o de Ruth, que não tem um momento feliz sequer em todo tempo de tela. Mesmo nos flashbacks é possível testemunhar mais sofrimento do que o amor que a impulsiona a correr atrás da irmã.
Por isso, se você está procurando uma experiência angustiante, não vai se decepcionar com Imperdoável, já que a narrativa não apresenta respiro entre um drama e outro, deixando um gosto amargo na mente de quem assiste. Parece que mesmo após vinte anos, Ruth sofre as consequências do assassinato de um policial, um crime que, a meu ver, nem é tão sério, mas ganha uma dimensão gigantesca. Quando as pessoas ficam sabendo sobre o seu crime, elas tendem a ficar violentas e nem se preocupam em ouvir a versão dela. Agora para pra pensar, se fosse o oposto, tipo um policial matando uma pessoa inocente, ele não sofreria 10% do que a Ruth sofre!
Como espectador, nossa tendência é simpatizar com a protagonista, mas falar que a Ruth merecia tudo aquilo é um pouco de exagero. Ela só cai nessa situação por conta de um momento desesperado de sua vida – sem pais, e com uma irmã pequena para cuidar. Mas no fim das contas, é apenas mais um filme da Netflix com um ótimo elenco e sem ter muito o que dizer.
Assim como A Mulher na Janela, Imperdoável falha em abordar as camadas do que um trauma pode causar, usando a ótima atuação de Sandra Bullock como uma muleta nesse festival de desgraças. Os personagens coadjuvantes só existem para acrescentar mais sofrimento à vida da moça ao invés de cuidar dos seus problemas. Quando a conclusão da história chega, o alívio pelo destino de Ruth não vem, já que no momento em que ela tem uma vitória e parece que vai ficar tudo bem, o filme acaba! Não há tempo para desfrutar essa fagulha de felicidade em um mar de tristeza.