Não é novidade que o cinema nacional é bastante criticado, alimentando uma cultura de que apenas filmes estrangeiros são bons e o que se produz nas terras tupiniquins carece de talento e de boas produções. Mas a que se deve esse fato, sendo que existem sim, diversos títulos nacionais que fazem frente (e muitas vezes até superam) produções internacionais?
Bom, existe uma grande explicação para isso e ela está na existência de inúmeras produções audiovisuais feitas às pressas, com pouquíssimo apreço pelo primor técnico, resultando em obras insossas e com pouquíssimas características elogiáveis.
Mas, sem mais delongas, a qual grupo pertence o novo filme estrelado por Estevam Nabote, Um Dia Cinco Estrelas? Infelizmente, esse faz parte das obras insossas.
Não se pode negar que existem vários artistas talentosos e com currículos elogiáveis na produção, porém não é apenas de talento (especialmente partindo do elenco) que se faz uma obra audiovisual coesa e agradável de assistir. O grande problema de Um Dia Cinco Estrelas está, sem sombra de dúvidas, em seus realizadores. O roteiro é extremamente mal desenvolvido, com personagens extremamente mal planejados, arcos sem o menor fundamento e, mesmo quando, em raras ocasiões, consegue entregar momentos divertidos, a direção, outro elemento bastante perdido no filme, chega para estragar.
Aprofundando mais no quesito do enredo, o problema aqui é que tudo é superficial demais. Mesmo em se tratando de uma obra humorística, que parte da premissa de criar arquétipos rasos e caricatos de personagens e situações do dia a dia, mesmo essa sequência de situações absurdas precisa possuir pelo menos um pé no realismo, mesmo que seja apenas em torno do protagonista, vivido por Nabote. A problemática se encontra em que tudo é “pra ser engraçado demais”, o que acaba resultando em que nada tem graça de verdade, pois não há quebra de expectativa. A impressão que dá é que estamos vendo artistas de palco se apresentando sem o artifício do palco, deixando-os completamente vulneráveis, como um palhaço fazendo graça mesmo sem estar com sua maquiagem, tornando-o apenas tosco e sem graça, causando emoções completamente opostas às esperadas. Quando a tentativa do humor falha, a sensação que se dá é constrangimento e aversão aos personagens.
Não há dúvidas em relação ao timming cômico de Estevam Nabote, Nanny People, Ed Gama, entre outros, porém, aqui, sem uma direção que os conduzisse à transição do teatro para o audiovisual, acabou que todos estão completamente fora de sincronia. O que falta é aquela tênue transição da comédia de palco para a comédia de tela. Apesar de possuírem sim, experiência com audiovisual, os atores nessa obra, carentes de uma direção que sabe o que está fazendo, apenas entregam cenas extremamente constrangedoras e nada engraçadas durante mais de uma hora de projeção.
Como se não pudesse piorar ainda mais, a direção de fotografia é pouco inspirada e bastante preguiçosa. Não há iluminação criativa em nenhuma cena interna no carro do protagonista, apenas nas cenas que se desenvolvem em locações internas, como na casa do personagem principal e em alguns locais onde ele acaba se envolvendo com outros personagens. Porém, é preciso ressaltar que o tema do filme (está até no título) se baseia em um personagem motorista de aplicativo, ou seja, era de se esperar que as cenas em que a produção iria investir mais recursos, seria nas cenas dentro do carro. Mas a verdade é que não há uma atenção técnica em nenhuma área desse filme. Até mesmo o áudio vacila em alguns momentos e podemos ouvir os cliques e ruídos provocados pelo equipamento e que mesmo assim, foram parar no corte final, algo inaceitável.
Em suma, Um Dia Cinco Estrelas não funciona em praticamente nenhum aspecto no qual se propõe, entregando uma série de esquetes mal desenvolvidas, pouco divertidas, com atores interpretando sempre fora do tom que a narrativa pede, timming cômico de péssima qualidade, cenas completamente sem graça, apesar de contar com personagens icônicos da cena do humor brasileiro, mas que nesse filme, onde nem a técnica é bem desenvolvida, acabam ficando apenas sem graça e passando vergonha na tela.
1 estrela.