Irmãos Russo se superam e entregam o melhor filme de super-heróis já feito
Não foi a história em si. Não foram os efeitos especiais impecáveis e a maquiagem inacreditável. Não foi a atuação propriamente dita e o cenário correto. Em ‘Vingadores: Ultimato‘, Anthony e Joe Russo atingiram a própria essência do que o cinema deve ser. Criaram uma cosmologia e envolveram seu público nela de uma maneira totalizante. Nunca antes, em toda a minha vida, eu havia experimentado sensação igual, tanto dentro, quanto fora da tela. Efeito blockbuster de uma indústria cultural bem sucedida em criar necessidade em seu público? Talvez. Vai ser difícil explicar, mas vou tentar.
Nada é pior do que que quando as pessoas começam a falar e a fazer barulho durante a exibição de um filme na sala de cinema. Isso atrapalha e desconcentra quem realmente quer assisti-lo e, infelizmente, não é incomum. Mas a reação do público ao último filme da terceira fase da Marvel Studios foi tão espontânea… que emocionou.
Desde o estalar de dedos de Thanos (Josh Brolin) na ‘Guerra Infinita‘ (2018), quando vários de nossos super-heróis favoritos literalmente viraram pó, os fãs se sentiram órfãos. Aquele final foi devastador tanto para os Vingadores que continuaram vivos como para o público que assistiu. E aí veio ‘Homem-Formiga e a Vespa‘ (2018), que deu continuidade aos eventos tristes e Scott ficou preso no mundo quântico, escapando do destino que atingiu seus companheiros. E finalmente, como um alívio bem-vindo, chegou a ‘Capitã Marvel ‘ (2019), que superou todas as expectativas e deu ânimo novo e esperança para aqueles órfãos.
E em ‘Vingadores: Ultimato, os irmãos Russo mantiveram a chama dessa esperança acesa – a esperança de rever ou de vingar os nossos heróis caídos. E fizeram isso mantendo o bom humor o tempo inteiro. Foi por isso que, a cada excelente e bem colocada piadinha eu escutei as gargalhadas das pessoas que assistiam o filme ao meu lado. E foi por isso que eu ri com elas também. E as gargalhadas não atrapalharam.
Na viagem no tempo que os Vingadores sobreviventes fizeram, nós fomos junto com eles, revisitando as melhores cenas dos filmes passados – de volta a 2012, a 2014, a 2015..,. E foi por isso que eu escutei os aplausos daquelas mesmas pessoas, que relembravam aquelas mesmas cenas e exultavam, nostálgicas e felizes. E as palmas não atrapalharam.
E quando algumas mortes vieram – porque sabíamos que nem todos iam sobreviver, mesmo com todos os super poderes presentes -, foi quando escutei os choros. E o silêncio se intensificou. E ficamos de luto novamente.
Presenciar tudo isso ao mesmo tempo em que via aquela obra sensacional se desenrolando a minha frente, foi impagável.
‘Vingadores: Ultimato’ foi o fechamento com chave de diamante da terceira fase da Marvel Studios, tão brilhante que com certeza vai ofuscar a próxima, que começa em julho, com ‘Homem-Aranha: Longe de Casa‘ (Jon Watts terá que se superar e muito!). Valeu cada centavo pago no ingresso. As 3h de filme passaram como num estalar de dedos…