Anya Taylor-Joy ganhou notoriedade depois de estrelar O Gambito da Rainha (2020) como a enxadrista Beth Harmon, mas um pouco antes da série fenômeno da Netflix explodir, ela tinha vivido a personagem-título de Emma (2020). Baseado no romance de Jane Austen e remaking do filme de 1996 – que tem Gwyneth Paltrow no papel título – o filme é a estreia da diretora Autumn de Wilde em um longa-metragem e já deixou sua marca de notoriedade.
No enredo, Emma Woodhouse (Anya Taylor-Joy) é uma jovem aristocrata que adora fazer o papel de cupido para suas amigas e conhecidas, mas ela própria não deseja se entregar aos laços do sacramento.
As indicações de Emma aos prêmios de Melhor Figurino, Melhor Cabelo e Maquiagem e Melhor Design de Produção no Critics Choice Awards e ao prêmio de Melhor Atriz em Filme Musical ou Comédia no Globo de Ouro, já assinalam os elementos em que a obra se destaca, mas nada na película deixa a desejar. Leve e divertido, o longa atravessa facilmente seus 124 minutos de duração ostentando personagens carismáticos e intrigantes como só um texto de Jane Austen consegue fazer – sem deixar de dar crédito, é claro, ao roteiro adaptado de excelente qualidade de Eleanor Catton.
Pessoalmente, a obra em análise me agradou mais do que o sucesso de 2019, Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig, sendo muito mais dinâmico e um pouco mais interessante. Confronto os dois filmes por tratarem ambos de um enredo que se passa durante o século XIX e também por possuírem mulheres fortes e à frente de seu tempo como elementos centrais. Talvez a película de Gerwig ganhe na qualidade técnica, mas tal fato pode ser explicado por um detalhes simples: Adoráveis Mulheres teve um orçamento quatro vezes maior que o de Emma e seu elenco era muito mais estelar, incluindo nomes como o de Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Laura Dern e Timothée Chalamet que, certamente, encareceram em muito a produção. Ademais, o marketing do longa foi muito mais agressivo e, com certeza, sua campanha nas premiações também. Mas acreditem quando digo que Anya Taylor-Joy é tão boa quanto qualquer um dos citados acima e sustenta o filme de Autumn de Wilde com maestria.
Notável, portanto o feito de Autumn de Wilde por conseguir figurar em várias das categorias nessa temporada de premiação, sendo que merecia muito mais. Mesmo previsível e possuindo todos os clichês, Emma é o típico exemplo de obra que quando-é-bem-escrita-e-bem-feita-isso-não-importa e de que nós adoramos os clichês, quando colocados num roteiro de qualidade.
O reconhecimento do filme poderia ter sido maior, mas ele perde força quando comparado ao apelo atual dos temas abordados em produções como Destacamento Blood (Da 5 Blood – 2020), Os 7 de Chicago (The Trial of the Chicago 7 – 2020), A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey’s Black Bottom – 2020) e Uma Noite em Miami… (One Night in Miami... – 2020), mas ele não deixa de ser uma delícia por causa disso!
Destarte, conclui-se que Emma foi um belo começo para de Wilde, uma bela adaptação para as telonas e um belo entretenimento para o público, que vai entrar nos opulentos casarões da aristocracia oitocentista, passear pelos seus impecáveis e maravilhosos jardins verdes, se impressionar com o capricho do figurino e se divertir com as engraçadas danças típicas daquela época, tudo isso detalhado com cuidado e esmero pela diretora.
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Respostas de 2
Mais uma bela crítica, Flávia.
Amo as suas análises.
Obrigada!!!