Crítica de filme

Esquadrão 6

Publicado 5 anos atrás

Diretor de estilo inegável, Michael Bay construiu toda sua carreira em cima de uma visão cinematográfica que parece não ter mudado muito desde seu início, em 1994, com Bad Boys. Por mais que seus filmes sejam, em sua maioria, filmes de ação feitos para satisfazer o público sedento por tiro, porrada e bomba, ele não deixa de ser um dos diretores mais autorais de sua geração. Não importa o filme, você sabe que está vendo uma obra dele. Após faturar bilhões com os cinco filmes da franquia Transformers, Bay nos apresenta seu mais novo trabalho original, Esquadrão 6.

Esuqadrão 6

Produzido pela Netflix e o segundo filme mais caro da plataforma de streaming, ficando atrás apenas de O Irlândes, Michael Bay abraça todos seus maneirismos estilísticos de uma só vez para criar um verdadeiro ataque aos sentidos do espectador. Não é a toa que antes do início do filme sejamos avisados que alguma cenas possuem efeito estroboscópicos que podem afetar espectadores fotossensíveis. Com um fiapo de roteiro que serve apenas como justificativa para longas cenas de ação, Esquadrão 6 é uma viagem sem freio, capaz de cansar até o mais ávido fã de explosões.

Falando no roteiro, o longa conta a história de um grupo de 6 pessoas que tem suas mortes forjadas (daí vem o título original, Underground 6 — uma brincadeira com a expressão 6 feet under, que quer dizer morto e enterrado) para que possam ser livres para fazerem o bem, independente de governos ou instituições. Recrutados pelo misterioso número 1 – um gênio da informática que, por algum motivo, também possui treinamento militar – interpretado por Ryan Reynolds, cada um dos integrantes é identificado por seu número e é definido basicamente pelas suas habilidades. A número 2 é uma ex-agente do FBI, o número 3 é um ex-assassino, o número 4 faz parkour, e por aí vai. Juntos eles vão tentar libertar o povo do Turgistão, país fictício no oriente médio que mistura esteriótipos árabes e por algum motivo celebra o Dia de Los Muertos (???).

2 e 3

Outro aspecto aparentemente deixado de lado é a montagem do longa. Confuso entre as suas idas e vindas na história, não é difícil se perder sobre o que estamos vendo e quando se passam essas cenas. O filme chega a ponto de mostrar duas cartelas tentando diferenciar a cronologia do que estamos assistindo, uma com O PASSADO e outra com O PRESENTE. Inexplicavelmente, assim que esta última cartela é apresentada, confirmando que estamos no presente, o filme nos leva a OUTRO flashback. Outro ponto negativo é a narração em off que apenas repete algumas questões apresentadas pelo filme, sem nada acrescentar a elas.

Claro que isso pouco importa ou que faça muito sentido, uma vez que o que realmente importa aqui são as inúmeras cenas de ação em diferentes lugares do mundo, usando transportes diferentes e sempre novas maneiras de mostrar várias pessoas morrendo. A primeira delas, que abre o filme, já mostra a que veio, com 20 minutos de uma perseguição pelas ruas de Florença onde carros aparecem do nada apenas para serem explodidos e saírem voando de volta para fora da tela. E com ela temos também a câmera inquieta de Bay, que rodeia os personagens principais sem se preocupar com a geografia da cena. Se parece “cool”, lá ela vai estar. Além disso, estão inclusas as obrigatórias cenas banhadas sempre no sol do fim de tarde, as tomadas aéreas e outros “Bayerismos” de praxe.

explosões

Além de se apoiar nas absurdas cenas de ação, Bay também se escora no carisma de seu elenco principal. Ryan Reynolds carrega o filme com seu ar de deboche de sempre, mesmo que tente, aqui e ali, mostrar um alcance dramático devido ao passado de seu personagem. De resto, desfilam pela tela as belezas de Mélanie Laurent, Manuel Garcia-Rulfo, Ben Hardy, Dave Franco, Adria Arjona e Corey Hawkins atirando ou fugindo de tiros e explosões sem um grande arco dramático que os dê algum desenvolvimento de personagem. Com clara intenção de criar uma franquia a partir deste longa, Esquadrão 6 ainda remete a outra famosa franquia, a de Velozes e Furiosos, tentando estabelecer um conceito de família entres seus integrantes.

Mas sem alguém para lhe impor limite, Michael Bay cria aqui sua película mais caótica, e por mais belas que sejam algumas de suas sequências, quem realmente acaba morto e enterrado é o espectador.

 

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País: EUA
Idioma: Inglês, Turcomeno, Cantonês, Espanhol, Italiano, Ucraniano e Francês

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