Crítica de filme

Ferrari

Publicado 9 meses atrás
Nota do(a) autor(a): 4.0

Fiquei receoso antes de assistir ao novo projeto cinebiográfico de Michael Mann, Ferrari – que já está em cartaz nos cinemas -, e meu primeiro pensamento foi: “como posso escrever a crítica de um longa cuja proposta envolve todo um contexto da história do automobilismo sem que eu tenha um mínimo de conhecimento sobre ela?” Ora, não sou nem um pouco chegado no assunto – talvez o máximo que já tenha assistido seja Ford vs. Ferrari, de 2019, do qual tenho pouca recordação.

Mas, ao final da sessão, percebi que corridas e carros não são o foco da narrativa. Na verdade, a trama envolve temas muito mais profundos, como perda, relações extraconjugais, poder e ganância.

Estamos em 1957, quando Enzo Ferrari (Adam Driver), já consolidado na indústria automobilística, precisa lidar com a crise da própria empresa, assim como com a frágil relação com sua ex-mulher Laura (Penélope Cruz) e a amante Lina Lardi (Shailene Woodley), com quem também tem um filho.

Mann, conhecido por ótimas produções como Fogo Contra Fogo e Colateral, já estava há alguns anos afastado da tela grande dos cinemas. Aqui, o cineasta tira do papel um projeto que já estava sendo planejado há décadas, e consegue conduzir a narrativa com eficiência.

E o fato da cinebiografia retratar apenas um período específico e não toda a vida de Enzo Ferrari, como geralmente acontece em outras produções, instiga o espectador a querer saber mais sobre os acontecimentos retratados na história. Assim, mesmo se tratando de uma adaptação, o roteiro sabe jogar informações relevantes de eventos anteriores para dar camadas à narrativa.

Mas a força que impulsiona mesmo a trama é o elenco. Adam Driver está muito bem no papel do protagonista, caracterizado com 50 e poucos anos como um homem metódico e exausto pelas perdas e complicações passadas. Ainda assim, o grande destaque é Penélope Cruz, que apesar de não ter muito tempo em tela se comparada a Driver, consegue brilhar no papel de uma mulher amargurada pelo luto e pela incerteza de que deixará um legado na empresa pela qual se sacrificou tanto. É realmente uma pena que a atriz não tenha sido indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante neste ano.

Assim, Ferrari é, como dito antes, um filme que transcende o automobilismo, uma história interessante que brilha principalmente pelo seu elenco. Não é a melhor produção de Michael Mann, mas sem dúvida é uma ótima obra de retorno do diretor às telonas, que é onde o filme merece ser assistido.

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Ferrari Poster
País: EUA, Itália
Direção: Michael Mann
Roteiro: Troy Kennedy Martin
Idioma: Inglês

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