Crítica de filme

Crítica | A tola doçura do ‘Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars’

Publicado 4 anos atrás

Piloto de corrida, patinador no gelo, âncora de TV, Sherlock Holmes, George W. Bush, jogador de basquete, um duende natalino e etc. Will Ferrell já encarou estes e vários outros papéis excêntricos em sua longa carreira cômica. Em sua maioria, seus filmes exigem do espectador que jogue a suspensão de descrença pela janela apenas ao vê-lo escalado para um desses personagens e grande parte do humor dos longas parte disso. Faz sentindo, então, que sua mais nova comédia produzida pela Netflix, Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars, aponte para outra escalação esdrúxula.

Will Ferrell e Rachel McAdams

Dessa vez, Ferrell encarna o sonhador Lars, aspirante a músico que sonha sair da sua cidade natal na Islândia e vencer a maior competição musical do mundo, o Eurovision. Para isso, ele espera contar com a ajuda de sua amiga de infância Sigrit, interpretada por Rachel McAdams. Alçados à competição por um golpe de sorte, Lars e Sigrit vão trilhar o caminho batido das histórias de azarões, mas sem necessariamente se afundar em clichês. Mesmo sendo uma comédia quase romântica em sua estrutura básica, existe um certo frescor na forma em que aborda o seu tema central.

Visto fora da Europa como uma curiosidade exótica, o Festival Eurovision da Canção por si só poderia ser fonte de piadas para o longa, caso focasse nas apresentações exageradas e nos seus participantes. No entanto, o diretor David Dobkin e os roteiristas Will Ferrell e Andrew Steele optam por mostrar seus participantes como os cantores talentosos que são, sem ridicularizá-los. A exceção fica com o participante da Rússia, Alexander Lemtov, interpretado com excelente timing cômico por Dan Stevens, na função de um semi-vilão da trama. Suas apresentações e figurinos garantem boas risadas além da leve cutucada em relação a homofobia na Rússia.

Dan Stevens

Falando em destaques, por mais que seja um filme típico de Ferrell, com os rompantes de raiva já tradicionais do ator contrastando com a personalidade inocente de Lars, quem brilha é a Sigrit de McAdams. Apaixonada por Lars desde pequena, ela é o coração da dupla e responsável por ótimos momentos do filme, sejam eles cômicos, como sua crença inabalável nos elfos da Islândia, ou musicais (mesmo que não seja ela quem cante as canções). Fechando o elenco principal, temos Pierce Brosnan como o pai de Lars, que rejeita seus sonhos. Sua participação é breve e consta basicamente em dizer suas falas sem abrir a boca, sempre sisudo. Levemente desperdiçado.

Pierce Brosnan e Will Ferrell

Sobre as canções propriamente ditas da competição, o longa é feliz em misturar canções pop famosas (em particular a canção Waterloo, do grupo sueco ABBA) com criações próprias que poderiam muito bem figurar nas paradas de sucesso, mesmo que suas letras não se levem a sério. Um dos pontos altos do filme é justamente o número musical na festa de Lemtov, com a participação de vários cantores que já competiram e até venceram o concurso. O álbum com todas essas músicas já se encontra disponível nas plataformas de streaming musical, vale a visita.

Resumindo, Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars, é o típico veículo para as trapalhadas de Ferrell, mas ao mesmo tempo traz uma bela mensagem sobre o amor a música e aqueles que sonham tocar as pessoas com ela.

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Eurovision
País: EUA
Idioma: Inglês

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