A guerra contada pelos olhos de um nazista de 10 anos
Nos dias de hoje, filmes de guerra são muito comuns, apresentando premissas ultrapassadas e genéricas. Porém Jojo Rabbit foge desses clichês, e apresenta uma história muito autoral. O longa apresenta um roteiro dinâmico e ágil, apresentando os personagens e os desenvolvendo com facilidade.
No primeiro ato conhecemos o garoto Jojo (Roman Griffin Davis), um nazista de 10 anos de idade. Em sua imaginação ele trata Hitler como um amigo próximo. Esse personagem é muito bem mostrado desde seus momentos iniciais. Percebemos seu “nacionalismo” e toda a sua vontade de lutar pela pátria alemã. Além disso, o roteiro trabalha bem a caracterização de Hitler, que aqui é totalmente desconstruído do que nós conhecemos do Imperador autoritário da Alemanha.
O personagem de Sam Rockwell (Captain Klenzendorf) é bem desenvolvido e apresenta uma visão heroica para o garoto Jojo, fazendo com que tenhamos a mesma empatia pelo personagem que o menino Jojo tem. Outro ponto assertivo do roteiro são os momentos cômicos envolvendo Jojo e uma judia.
Mas o filme de forma alguma é uma reverência ao nazismo. Pelo contrário, expõe a hipocrisia alemã ao máximo, mostrando o “nacionalismo exacerbado e a falta de conhecimento no que se refere aos judeus.
As atuações são boas e bem interpretadas. Roman Griffin Davis, que interpreta Jojo é muito expressivo, passando somente pelos olhares o respeito que tem pelo pai, que morreu na Segunda Guerra. A personagem da Scarlett Johansson (Rosie Betzler) é muito bem desenvolvida e passa ao protagonista uma sensação de segurança e acolhimento.
A direção é rápida e eficiente, apresentando ângulos e movimentos de câmera que fazem a diferença para contar a história. Além do mais, o diretor Taika Waititi traz conhecimento sobre como contar uma boa história através da câmera, sem dizer uma palavra.
A fotografia é lenta e não tem pressa em mostrar os desastres da guerra, trazendo tons mais cinzas para os momentos de confronto e tons mais claros, como o vermelho e amarelo, para momentos de paz e harmonia. Aqui se usa a teoria das cores – quando as cores que aparecem trazem um significado real para cada momento. A caracterização da época é sensacional, mostrando de fato como eram as vestimentas da época e toda a vaidade alemã. Além disso, a diferença do vestuário entre nazistas e judeus é impressionante e toda a representação da época é muito bem feita, exibindo as ruas com bandeiras e os belíssimos palácios construídos na década de 40.
Enfim, Jojo Rabbit é um filme engraçado, com uma visão diferente e bem retratada sobre o nazismo, conseguindoe mostrar os horrores da guerra de forma sutil e magnífica.