Crítica de filme

Lilo e Stitch

Publicado 4 minutos atrás
Nota do(a) autor(a): 3.5

Como qualquer criança nascida nos anos 90, parte da minha formação foi construída pelas animações da Disney. Embora Lilo e Stitch nunca tenha me gerado um apego emocional igual a outras animações como O Corcunda de Notre Dame, A Bela e a Fera ou Mulan, assisti à animação com certa frequência e gostava do alienígena encrenqueiro o suficiente. Mas no mundo todo, a animação de 2002 foi e é um sucesso estrondoso do estúdio, era questão de tempo até a obra receber a atenção da Disney para se tornar um live action. E eles levaram tempo pra entregar o resultado que está nos cinemas.

Confirmado em 2018, havia a desconfiança habitual de que o monopólio de Mickey Mouse entregasse mais um trabalho desmazelado, igual tem acontecido com a maioria dos projetos do tipo. Contudo, eles sabiam o vespeiro em que estavam mexendo: o personagem Stitch é extremamente carismático e principalmente, comercial! Pra vendê-lo, os chefões da Disney sabem que não podiam fazer feio e realmente, essa versão veio com bastante cuidado e pensada pra fazer jus à animação e adaptar a história pras novas gerações.

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É melhor? Nunca! E eu fiquei refletindo sobre isso. Por que a maioria dos live-actions não superam seus antecessores? Não sou uma estudiosa ou especialista, mas quero acreditar que uma animação representa o pico da criatividade, não há limites do que pode ser feito enquanto história e desenvolvimento quando se trabalha com uma narrativa inanimada. Quando um universo lúdico vem para o mundo real em forma de remake, as coisas ficam mais delicadas, não é possível investir o mesmo que uma animação 2D em personagens digitais. Envolve um trabalho maior e equipe bem extensa. E aonde eu quero chegar? Lilo e Stitch entregou o que pôde com os recursos disponíveis.

A maioria vai ficar insatisfeita com cenas que não foram cópia e cola da animação, mas confesso que não senti falta de muitas delas. Até mesmo Gantu, o grande vilão, eu apaguei completamente da memória, e só fui lembrar dele depois da sessão, vendo o apego das pessoas a ele.

De qualquer maneira, o intuito desse texto não é comparar as obras, tem milhões de vídeos no TikTok para satisfazer sua revolta – se é que ela existe. Minha única crítica para esse projeto é que sacrificaram algumas interações da Lilo (Maia Kealoha) com o seu aspirante a cachorrinho para dar espaço a outras escolhas narrativas. Sinceramente, eu veria a jovem atriz interagir com essa criaturinha de CGI por mais 1 hora e não ficaria cansada.

A garota é um arrasa quarteirão, ela É A LILO da mesma forma que Isaac Amendoim é o Chico Bento. Infelizmente perdemos muito dessa dinâmica elétrica para o roteiro encaixar outras coisas, acho que houve um medo de não inchar a história e perder o foco, mas eles precisavam se concentrar nos protagonistas. Tirar o enredo do patinho feio foi um crime! A solidão não foi explorada o suficiente e isso me deu uma sensação de vazio.

Fora isso, achei algumas alterações coerentes e muitas das vezes bem executadas, como a relação das duas irmãs. Ver que Nani (Sydney Agudong) era mais do que só a irmã de Lilo e tinha muito mais a perder do que a custódia de sua irmãzinha foi muito inteligente. Ela equilibra a responsabilidade de manter a família unida com o pesar de abrir mão de um futuro promissor. É profundo, real e vai mexer com muitas mulheres que estão numa situação similar, abdicar de si mesmas pelo outro. Cobra Bubbles também foi uma boa mudança.

Pessoalmente, nunca comprei a ideia de um agente secreto também ser assistente social com tanto poder de moldar a vida das irmãs, mesmo antes da chegada de Stitch. Aqui, é Tia Carrere que assume a função de cuidar para que a vida das meninas seja o menos afetada possível, ela é doce, empática e consegue encontrar uma boa solução de vida para nossas amadas irmãs. Também amo a rede de apoio que Nani encontra em Tutu (Amy Hill). Na animação me batia um desespero de duas órfãs não terem ninguém para dar um suporte além do David, então fiquei com o coração quentinho de ver a comunidade mais engajada.

Nas partes da comédia, Zach Galifianakis e Billy Magnussen ficam devendo um pouco, mas grande parte do alívio cômico envolvia os personagens de ambos, Jumba e Pleakley, se infiltrando em uma sociedade humana em forma de alienígenas, e isso ficaria inviável financeiramente. O que explica a ausência de Gantu. Da dupla, Billy Magnussen se destacou mais para mim, ele estava se divertindo no papel e a maioria das minhas risadas veio dele. Zach estava mais sisudo do que estou acostumada, imagino que pela escolha de torná-lo um vilão, então preenchendo a lacuna de Gantu ele teria que ser mais agressivo mesmo.

O CGI foi um primor, ainda bem que tiveram todo o cuidado nesse filme, como eu disse anteriormente, não dava pra vacilar com um personagem tão lucrativo. Stitch é apaixonante, e os alienígenas têm a anatomia do que seriam se existissem de fato, parece que a mesma equipe de Vingadores e Guardiões da Galáxia desenvolveu os personagens.

Concluindo, Lilo e Stitch de 2025 é sólido, divertido e oferece uma esperança do que boas adaptações podem ser se houver o mínimo de coerência e atenção. A criançada vai ter um prato cheio e o comércio vai nadar de braçada com produtos licenciados e não oficiais.

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lilo e stitch poster

Lilo & Stitch

Lilo & Stitch
10
País: EUA
Direção: Dean Fleischer Camp
Roteiro: Chris Kekaniokalani Bright, Mike Van Waes, Chris Sanders
Elenco: Maia Kealoha, Sydney Agudong, Chris Sanders, Zach Galifianakis, Billy Magnussen
Idioma: Inglês

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