Crítica de filme

Lobisomem

Publicado 3 meses atrás
Nota do(a) autor(a): 2.0

Lobisomem (Wolf Man), novo filme de Leigh Whannell, responsável pelo excelente O Homem Invisível de 2020, é mais uma tentativa de trazer o famoso conto do lobisomem para as telas. Dessa vez, acompanhamos Blake (Christopher Abott), Charlotte (Julia Garner) e sua filha pequena Ginger (Matilda Filth), que ao visitarem uma propriedade de um membro da família no interior de Oregon são atacados por uma criatura misteriosa.  Sozinhos em uma área isolada, eles tentam sobreviver a essa nova ameaça, não percebendo que ela está muito mais próxima do que eles imaginavam.

O filme falha em muitos pontos, mas o aspecto mais positivo dele é o modo como Leigh Whannell aborda a transformação do patriarca da família em lobisomem após ele ser infectado durante o ataque. É um processo lento que causa angustia e o projeto exala a criatividade que está em ausência durante todo o resto de sua duração, nos momentos em que a câmera escolhe mostrar a perspectiva de Blake, lentamente perdendo seus sentidos e consciência e deixando de ser humano. Whannell é um diretor competente e escolhas como essa, além de sua execução da cena de abertura do longa, reforçam essa impressão, mas é uma pena que elas não estejam presentes na frequência necessária que o filme precisava para ser capaz de não se tornar apenas mais um terror genérico, o que infelizmente é o caso. 

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Mas se sua direção é sólida, o mesmo não pode ser dito sobre seu trabalho como roteirista. Christopher Abbott até tenta trabalhar com o que tem em mãos, entregando uma atuação corporal convincente, aliada a efeitos práticos que são impressionantes. Mas além de um arco dramático sobre afeto familiar envolvendo o seu passado, que é escrito de forma extremamente expositiva, não é como se seu personagem tivesse espaço para realmente brilhar ou causar uma impressão duradoura em quem assiste.

O mesmo pode ser dito sobre Julia Garner, uma atriz de muito talento, que parece estar trabalhando no automático o tempo todo. Muito por culpa da unidimensionalidade de sua personagem. Garner convence no que precisa fazer, mas existe uma falta de conexão palpável entre ela e o material que impede Charlotte de criar uma impressão memorável após os créditos rolarem.

Mas para além de uma construção fraca de personagens, o que mais prejudica Lobisomem é a falta de urgência e tensão da atmosfera do roteiro. Ele é focado em somente três pessoas e além da resolução ser previsível, os personagens que supostamente estão correndo risco de vida claramente não estão em tanto perigo quanto o filme quer que o telespectador acredite que eles estão.

Além disso, grande parte do filme se passa dentro de uma fazenda e ao contrário de outros projetos do gênero, como Um Lugar Silencioso (2018), ele não sabe usar esse único espaço de maneira dinâmica, tornando a experiência repetitiva antes mesmo da história entrar na sua reta final. O trabalho de luz do ambiente é outro aspecto de destaque negativo, com o terceiro ato acontecendo em meio a uma escuridão que apaga os elementos em tela e incomoda a visão.

No geral, o Lobisomem é um filme que não atende as expectativas que se espera de um filme com o seu título. Apesar de seu conceito ter potencial, o desenvolvimento da narrativa presente nele decepciona ao apresentar uma abordagem básica, preferindo tentar executar um arco de drama psicológico que não é construído de maneira eficiente ao invés de dedicar tempo em construir um terror rico em adrenalina e tensão.

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trailer lobisomem

Lobisomem

Wolf Man
16
País: EUA
Direção: Leigh Whannell
Roteiro: Leigh Whannell, Corbett Tuck
Elenco: Christopher Abbott, Julia Garner, Matilda Firth
Idioma: Inglês

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