Sabe aquela sensação de que o mundo é um lugar cruel e hostil? Quando crescemos e percebemos que a vida pode ser mais aterrorizante do que imaginávamos? Longlegs – Vínculo Mortal consegue transmitir exatamente essa sensação. Já aclamado nos EUA como um dos filmes de terror mais assustadores dos últimos anos, essa produção certamente vai se destacar por muito tempo.
A agente especial do FBI Lee Harker (Maika Monroe) é designada para investigar o caso do serial killer Longlegs (Nicolas Cage). Conforme a busca pelo assassino avança, Lee se vê envolvida em uma teia de conspirações, ocultismo e um terrível segredo ligado ao seu passado.
O diretor Osgood Perkins cria, durante esses 100 minutos, uma narrativa envolta em uma atmosfera sufocante que remete à intensidade que Hereditário realizou lá em 2018. Porém, essa duração não é exatamente dinâmica. São 100 minutos que se arrastam, construindo um suspense que conduz o espectador exatamente para onde o diretor deseja. Em vez de uma estrutura tradicional de terror, o filme apresenta uma investigação que se desenvolve de forma gradual e calculada.
Durante essa investigação, o público é imerso em um terror psicológico afiado, seja pela atmosfera inquietante, por momentos-chave marcantes ou pelas atuações principais. Monroe interpreta excepcionalmente bem uma personagem fechada, introvertida e intuitiva, transmitindo todo o medo que sente, e disfarça, apenas com o olhar. Já Cage entrega uma das grandes atuações de sua carreira como o serial killer Longlegs. Apesar de seu tempo de tela limitado, ele aterroriza cada vez que aparece, graças à maquiagem pesada que o deixa irreconhecível e aos seus trejeitos perturbadores.
Mas mesmo com todos esses pontos altos, o roteiro se apoia mais na atmosfera e nas atuações do que na narrativa em si. Embora os desdobramentos sejam relativamente previsíveis, o filme mantém o interesse ao focar na experiência de envolver e asfixiar o espectador.
Diferente de outros filmes de terror recentes, Longlegs não recorre a jumpscares baratos, embora alguns sustos funcionais estejam presentes, nem à violência expositiva. Tudo é bem dosado para deixar o espectador chocado, com cortes secos e planos abertos que dão a sensação de que algo está sempre à espreita.
Sendo bastante comparado com O Silêncio dos Inocentes, Longlegs – Vínculo Mortal é um filme de investigação e terror que será lembrado, mas não depende dessa comparação para se sustentar. Embora ambos tratem de temas diferentes, Longlegs equilibra de maneira eficaz o horror psicológico necessário para funcionar.
Em suma, Longlegs – Vínculo Mortal se destaca por seus próprios méritos, criando uma atmosfera cuidadosamente construída, atuações intensas e uma narrativa que, apesar de previsível em alguns momentos, impacta o espectador com sua tensão constante. O resultado é um terror psicológico que evita artifícios fáceis e aposta em um desenvolvimento meticuloso, proporcionando uma experiência que permanece com o público muito além dos créditos finais.