Crítica de filme

Crítica | O Relacionamento tórrido e teatral de ‘Malcolm & Marie’

Publicado 4 anos atrás

Retratar a relação de um casal no cinema engloba várias possibilidades, mas de longe, o gênero mais utilizado para abordar as complexidades que permeiam um relacionamento é o drama, e Malcolm & Marie não é tímido em sua proposta – o enredo apresenta um casal tendo uma DR de 106 min em um único cenário. O novo filme da Netflix ainda vai além, tendo sido filmado em preto e branco para oferecer algum tipo de estética que ainda estou tentando compreender. 

O diretor Malcolm (John David Washington) e sua parceira Marie (Zendaya) chegam em casa após a grande estreia do filme de Malcolm. É uma noite de comemoração regada a brindes, música e macarrão com queijo. No entanto, nem tudo está bem entre os dois.

Escrever sobre a complexidade das relações humanas é um desafio! Muitos diriam que para opinar sobre determinadas histórias é necessário um estudo sobre as alegorias do filme e uma pesquisa a respeito de roteiro e cortes de câmera. Porém, as pessoas se esquecem que às vezes um filme não busca ser pretensioso ou passar uma mensagem, ele simplesmente quer despertar emoções nas pessoas, e esse é um tópico mencionado na história. 

Se você quiser assistir a Malcolm & Marie esteja consciente de que não é um filme para todo mundo, Tanto que há momentos em que ele fica exaustivo. Contudo, esse parece ser um recurso intencional do diretor, já que uma relação pode ser exaustiva às vezes, especialmente numa discussão. Para a maioria, o filme pode parecer fraco e superficial, pois é apenas uma longa cena da Zendaya e John David Washington tendo uma briga. Mas é justamente isso, e caramba! Esses atores não perdem o fôlego por um minuto.

A dupla entrega duas atuações dignas de palco teatral, e foi a isso que o filme me remeteu o tempo inteiro. Malcolm & Marie é exatamente o tipo de cenário e narrativa que você acompanharia em um teatro sem ver o tempo passar, mas como é um filme, o formato tende a ser tedioso para muitas pessoas. A questão que prende o interesse o tempo todo é: porque esses dois ainda estão juntos? Pra quem eu torço nessa discussão? Eles precisam de terapia! 

Malcolm é um diretor egocêntrico que na maioria do tempo só se preocupa com que as coisas funcionem da forma que ele quer – típico comportamento masculino. Já Marie tem um histórico de problemas com drogas e procura criar picuinhas ao invés de ser clara no que quer. Esse é o estereótipo apresentado ao longo do filme, mas se você parar para prestar atenção nos diálogos entre o casal, irá perceber que um relacionamento tem muito mais camadas do que testemunhamos na vida real. Quando ouvimos histórias de nossos amigos ou familiares sobre discussões que eles tiveram com seus parceiros, rapidamente tiramos conclusões e julgamos o que gerou aquilo, mas nos esquecemos que já existem problemas bem maiores entre um casal do que nos são apresentados. Então não pense que o conflito central da história é “ela só queria um obrigado e ele só queria uma noite de comemoração”. Não! 

Quem teve um relacionamento com conflitos e debates sabe muito bem a complexidade de se compartilhar a vida com alguém. Inclusive, devo alertar que para algumas pessoas, esse filme pode gerar gatilhos. Você não leu errado, ele pode causar certo incômodo em determinadas partes em que a discussão está em seu auge. 

No fim das contas, eu não seria capaz de discorrer sobre o estilo da direção de Sam Levinson, pois não estou familiarizada com seus outros trabalhos. Mas ele sabe utilizar a câmera muito bem na hora de revelar as expressões faciais e corporais dos atores. A técnica em preto e branco pareceu um recurso um tanto pedante pra mim, já que ele quer colocar uma estética cult na obra e tenho dificuldade em comprar essa ideia. Se alguém encontrar um significado para isso, por favor, comente abaixo.

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malcom & marie poster maior
País: EUA
Idioma: Inglês

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