Crítica de filme

MaXXXine

Publicado 3 meses atrás

Nota do(a) autor(a): 3

Depois de X – A Marca da Morte e Pearl ganharem destaque internacionalmente, o terceiro filme da trilogia de Ti West finalmente chega às telas para concluir a história de Maxine Minx, iniciada lá em 2022.

Mesmo com seus antecessores sendo esnobados no Brasil pelas distribuidoras, o tempero da britânica com descendência brazuca não foi apagado. Mia Goth ganhou notoriedade entre críticos e fãs, tornando-se a mais nova queridinha do terror. Além de seus trabalhos, virou protagonista de meme junto de sua avó Maria Gladys e, por tudo isso, seria péssimo não aproveitar a onda de sucesso para promover o terceiro filme da franquia da A24.

Mas vamos falar do que o filme trata?

Na década de 1980, em Hollywood, a estrela do cinema pornográfico interpretada por Mia Goth tem sua grande chance de atingir o estrelato. No entanto, um misterioso assassino em série persegue as celebridades de Los Angeles e um rastro de sangue ameaça revelar o passado sinistro de Maxine.

A expectativa em torno dessa conclusão não foi pequena, especialmente quando Pearl imprimiu um tom macabro e marcou a competência de Mia como atriz. E o que eu esperava desse projeto aconteceu… de certa forma: a trama tem mais complexidade e camadas para explorar a trajetória de Maxine depois dos eventos do primeiro filme.

Por um lado, isso é positivo, mas em alguns momentos o longa fica vago e até mesmo sobrecarregado de ideias. Fica também o aviso de que MaXXXine não é assustador em momento nenhum. Até para espectadores mais sensíveis no gênero, o projeto se encaixa mais em um suspense policial com poucos momentos de violência e sangue, ao menos de forma gráfica.

Sendo assim, é compreensível que Maxine guarde traumas de seu passado, mas era mesmo necessário que esses traumas fossem na forma dos eventos de X? Afinal, ela não mostra arrependimento nenhum de ter se defendido, e sabemos como a moça pode ser implacável quando se trata de se proteger – uma das primeiras cenas do filme, em que ela é encurralada, é uma injeção de dopamina. Ela não ser a típica mocinha sonsa do terror. É fria e não tem medo de ser violenta. Então, para que mostrar um suposto fantasma de Pearl perseguindo-a sem nenhum objetivo?

Além disso, as cenas envolvendo o Bates Motel – que inclusive aparece nos trailers – me causaram uma sensação de puro fan service, já que o cenário não tem relevância nenhuma para o desenvolvimento da história, e eu deletava facilmente esse elemento e o fantasminha da terceira idade para investir mais tempo em outro aspecto do passado de Maxine – esse sim bem construído.

Também questionei a escolha de alguns personagens. O elenco é bem diverso e alguns até se destacam em seus papéis, como Giancarlo Esposito (obviamente) e Kevin Bacon. Eu removeria uns três personagens para deixar mais espaço para eles brilharem junto com Maxine no núcleo em que estavam envolvidos.

E por falar nisso, a figura de Richard Ramirez, A.K.A. The Night Stalker, poderia ser um ótimo ponto de virada na história, mas infelizmente, só foi uma desculpa para explicar os passos do verdadeiro assassino da trama, que não foi uma grande surpresa quando foi revelado. Mas poderia ser bem mais satisfatório se Maxine soubesse exatamente com quem estava lidando desde o primeiro contato, o que tornaria as coisas um jogo de gato e rato muito mais envolvente.

Mas Mia Goth é uma estrela, do começo ao fim! Diferentemente de Pearl, sua abordagem aqui é muito mais contida (ainda bem) e racional. Ela imprime medo de um jeito diferente: é desconfiada e cautelosa sem ignorar as consequências de suas ações. Quando precisa, cria emboscadas incríveis para eliminar seus obstáculos e alcançar sua grande chance de fama. Ela é confiante, feroz, e tudo isso sob efeitos cavalares de cocaína. Tenho certeza de que ela só mora num muquifo porque queimou a grana toda de seus filmes adultos naquela tigela lotada de farinha.

Por fim, MaXXXine é um filme bem redondo, embora tenha algumas decisões de roteiro ansiosa demais em acrescentar novas ideias. Vai dividir um pouquinho as opiniões, já que o consenso geral era o de que seria uma conclusão épica. Mas será que precisa ser assim?

Como diria uma querida amiga minha a respeito dos primeiros filmes: “Não é sobre ser uma obra-prima do terror, porque não são. Porém, são ousados, intrigantes e interessantes. São bons? Não sei, mas eu gosto pra caramba!”

Compartilhar
MAXXXINE Poster

MaXXXine

MaXXXine

2024

104 min

IMDb: 6.4

País: EUA

Criador(a): Ti West

Elenco: Mia Goth, Kevin Bacon, Elizabeth Debicki, Giancarlo Espósito, Lily Collins

Idioma: Inglês

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *