O talento de Angelina Jolie e Michelle Pfeiffer e os incríveis efeitos especiais suportam um roteiro não tão incrível assim
Well, well. Não há melhor maneira de se começar a falar sobre Malévola: Dona do Mal – sequência do sucesso de 2014, Malévola – se não com a expressão que se tornou tão conhecida na icônica vilã interpretada por Angelina Jolie.
No primeiro filme, o público conheceu um lado diferente da personagem, um lado mais “humano”, se é que podemos chamá-lo assim. Depois de ter sido enganada e traída pelo futuro rei, Stefan, cada vilania praticada por ela foi justificada e perdoada. Vimos que o poder estava em sua essência, mas não a maldade. Vimos que seu coração se tornou duro, mas não impenetrável (nada que a doçura e a bondade de Aurora (Elle Fanning) não pudessem transpor).
Cinco anos depois, na continuação da história, nada mudou muito… A não ser a fotografia, que se tornou mais incrível e ainda mais bonita – cheia das cores de Moors, do dourado e prateado do reino de Ulstead; e da escuridão do ninho das criaturas das trevas; e o figurino, que está simplesmente deslumbrante – do “simples” vestido fabricado pelas fadinhas para Aurora, à riqueza e requinte do traje da Rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer), e por que não comentar sobre o chique do negro que veste a própria Malévola?
Assim, após a vilã conseguir lidar com seu passado, enfrentando e vencendo o rei Stefan, nesse novo longa ela terá que lutar contra seu ciúme materno – depois que o príncipe Philip (Harris Dickinson) pede Aurora em casamento – e o rancor de uma mulher poderosa que não vai medir esforços para destruir a ela e seu amado reino de criaturas fantásticas.
Mais do que isso, as versões modernas dos clássicos da Disney querem trazer novos valores além daqueles que as gerações passadas conheceram. Em Malévola (2014) aprendemos que nem sempre o príncipe encantado surgirá para resolver os problemas; que o amor materno é insubstituível e sempre muito importante; e que a empatia pode surgir dos lugares mais inesperados, ajudando até mesmo a remendar um coração partido.
Já em Malévola: Dona do Mal, outros ensinamentos nos são passados, principalmente o de que a guerra nunca é a melhor opção. Mas, por outro lado, é ela que fundamenta as cenas de ação do filme de Joachim Rønning que, aliás são lindas, há que se dizer. São lindas as cenas de ação e Michelle Pfeiffer, que divide com Jolie o protagonismo do filme, uma antagonista tão a altura para encarar o desafio que acabou até mesmo por diminuir a personagem título.
Mas nem tudo são flores e criaturas mágicas fofinhas. Os exageros também são muitos e ficam mais do que claros. Podemos começar citando a força que se dá às mulheres no filme. Ela é tão grande que os homens são tratados quase que com desrespeito – o rei John (Robert Lindsay), por exemplo, é tão apalermado que chega a dar pena, e Philip é tão fraco que qualquer um questionaria sua capacidade como futuro monarca -, todos vivendo à sombra de suas respectivas companheiras.
Além disso, o novo arco que apresentou os últimos seres da espécie de Malévola foi realmente desnecessário e desperdiçou preciosos minutos da trama, além de bons atores, como Ed Skrein e Chiwetel Ejiofor, que não tiveram tempo nem espaço para crescer.
Mas o que fez mas falta mesmo foi a maior presença de Jolie em cena, culpa do destaque que Rønning quis dar às personagens de Pfeiffer e Fanning, coisa que não fez o menor sentido. Apesar do talento de ambas as atrizes e do nome de peso de Pfeiffer, a proposta do live-action era o foco em Malévola, o que o primeiro filme executou muito bem, mas o segundo pareceu esquecer. Não era de se esperar que uma personagem que nem sequer existe na animação que lhe deu base (a mãe do príncipe Philip), tivesse tanta ênfase.
Entretanto, ainda que em menor evidência, Jolie está ali, cumprindo com maestria seu papel, sendo a responsável pelas melhores cenas do longa e justificando sua escolha para interpretar uma das maiores vilãs da Disney (mesmo que Malévola não esteja tão vilanesca assim… já que não chega nem aos pés de Ingrith no quesito maldade!).
Não obstante, apesar dos escorregões, Malévola: Dona do Mal ainda consegue encantar e divertir, mais por causa dos efeitos incríveis e principalmente em razão do talento das atrizes – já que os mocinhos coitados… aqui nem tiveram chance – do que pelo roteiro meio fraco e definitivamente genérico.