Crítica de filme

Mickey 17

Publicado 3 dias atrás
Nota do(a) autor(a): 4.5

Depois de ser adiado diversas vezes, o novo longa de Bong Joon-ho, Mickey 17, finalmente está entre nós. O filme, o primeiro do cineasta desde o inesquecível Parasita, vencedor de Melhor Filme do Oscar 2020, conta a história de Mickey (Robert Pattison), um jovem de origem humilde que após um conflito que coloca sua vida em risco, decide se candidatar para fazer parte de uma tripulação, cuja a missão é colonizar o misterioso planeta Nilfheim. Devido a sua falta de status social e financeiro, Mikey assume a posição de “descartável” da espaçonave, operando como uma espécie de cobaia. Sua função se torna realizar tarefas e missões de grande perigo e toda vez que ele morre, seu corpo e memórias são reimpressos através de uma tecnologia, criando assim, uma nova versão do rapaz que será instruída a repetir esse processo diversas vezes para o avanço da colônia. 

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Com base na sinopse, já é possível apontar o principal tema narrativo do projeto. O capitalismo e a exploração do trabalhador. Mickey é tratado com desdém pelos líderes da expedição e é literalmente substituível, sendo submetido a situações excruciantes em nome do “bem maior” e interesse daqueles que estão em poder e usufruem de um conforto que não é acessível para seus funcionários.

Boon Jong-ho é um diretor com uma facilidade impressionante em equilibrar o tom de seus projetos de modo coerente e isso está presente de sobra em Mickey 17. Sua direção complementa a sátira do roteiro, que mesmo não sendo sutil, é afiada e divertida, abusando de estereótipos e situações absurdas e entregando um humor de qualidade durante sua execução, adotando um ritmo de fluidez efetiva e ainda sendo capaz de aplicar um senso de urgência narrativo necessário para que a história seja capaz de capturar a atenção e investimento de quem assiste. 

Robert Pattinson se sai muito bem no papel do desajeitado e ingênuo protagonista, que possui dificuldade de se impor e é constantemente abusado pelo sistema em que trabalha. Ele entrega uma dualidade bastante interessante quando, depois de uma virada que ocorre na história, o personagem precisa enfrentar sua relação com a mortalidade e o valor de sua vida como individuo ao se deparar com uma versão de Mickey que é o completo oposto dele em essência e valores.

Assim como Pattison, todo o elenco apresenta um trabalho excelente em tela, mas dois dos grandes destaques vão para Naomi Ackie, que interpreta a personagem Nasha com uma ferocidade e instinto protetor admiráveis, e a excelente Toni Colette, que entrega uma atuação histérica e hilária na pele da megera Gwen. 

O terceiro ato possui algumas conveniências que exigem uma suspensão de descrença para funcionarem de forma eficiente e que esbarram em uma previsibilidade que se torna fácil de apontar durante o processo, muito por conta de convenções narrativas que pertencem ao formato do blockbuster que o filme adota, mas esse incômodo não é nada que prejudique a experiência em grande escala. Muito pelo contrário, se todos os filmes de grandes estúdios fossem tão autênticos em seu escopo como Mickey 17 consegue ser, Hollywood seria uma indústria muito mais atrativa de ser explorada.

Que o longa seja capaz de encontrar um retorno financeiro que sinalize que o público está pronto para consumir projetos que não estão necessariamente conectados a franquias pré-existentes ou marcas já estabelecidas no mercado.

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mickey 17

Mickey 17

Mickey 17
16
País: EUA, Coréia do Sul
Direção: Bong Joon-ho
Roteiro: Bong Joon-ho, Edward Ashton
Elenco: Robert Pattison, Naomi Ackie, Toni Colette, Steven Yeun
Idioma: Inglês

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