Eu desejei muito assistir Mulher-Maravilha 1984, desde que Patty Jenkins surgiu com o primeiro filme da personagem em 2017, fazendo o nível da DC subir extraordinariamente em meu conceito. E após seis datas de lançamento frustradas, finalmente o filme pôde estrear para o grande público, ávido por mais Diana Prince.
Depois, eu desejei poder dizer que o longa é sensacional, que superou as expectativas e que entregou tudo o que se esperava dele. Por isso, entrei na sala de cinema cheia de boas esperanças e também com um pouco de medo de me decepcionar, mas tudo fazia crer que o filme iria repetir o sucesso de três anos atrás. E então a película começou, o símbolo da Warner apareceu e os 151 minutos de duração se passaram… Rápidos demais. A telona se apagou e tudo o que posso dizer é que aquelas três expressões imediatamente dançaram diante dos meus olhos: Mulher-Maravilha 1984 é sensacional, supera todas as expectativas e entrega tudo o que prometeu, talvez um pouco mais.
E eu poderia terminar minha análise por aqui, porque afinal, o que mais pode se esperar de um filme? Mas não, é necessário enaltecer as coisas boas, então falarei um pouquinho mais.
Talvez você não seja fã de super-heróis e, muito provavelmente, nem eu possa ser considerada como uma, se julgarmos que o verdadeiro tiete desses personagens também conhece a fundo sua principal origem: os quadrinhos. Não é o meu caso. Como não os leio, tudo o que direi nesse texto será baseado na mais pura experiência cinematográfica, como entretenimento áudio-visual. Falo, portanto, muito mais para aqueles que, como eu, amam esses heróis pelo que veem nas telas.
Dito isso – e já tendo frisado a excelência da obra de Jenkins -, vamos começar do começo. A parte da ilha das amazonas foi com certeza um dos pontos altos do primeiro filme, Mulher-Maravilha, então, nada melhor do que relembrar a terra da infância de Diana logo no início. Ouso dizer que esse primeiro ato da película é um dos melhores de todo o filme, com cenas incríveis de ação da nossa heroína ainda criança, aprendendo a duras penas as amargas lições da vida – que não poupam nem mesmo os super-heróis.
Mas em Mulher-Maravilha 1984, como o próprio nome já diz, avançamos na linha temporal para os anos 80, definidos pela própria Jenkins como o auge da civilização e da sociedade ocidentais. O poder está em toda parte! Os Estados Unidos, vencedor supremo da Segunda Guerra, se firma como a maior potência mundial, tudo é perfeito e colorido. Mas todo o poder tem um preço, como não cansa de dizer Rumpelstiltskin no famoso seriado Once Upon A Time e, para citar mais uma célebre frase de outro filme de super-herói, “com todo o poder, surge uma grande responsabilidade”. Esses motes estão impregnados em todo o roteiro do longa em análise, mas (graças a Deus) os clichês não incomodam nem um pouco. E é assim que se contrói um sucesso, já que, na natureza nada se cria, tudo se copia.
E é claro que o elenco ajuda muito nessa difícil tarefa. Gal Gadot é a Mulher-Maravilha em todos os sentidos. Isso a gente sente na vibração dos fãs cada vez que a atriz aparece em público, seja numa CCXP ou em qualquer outro evento. Sua elegância e beleza transcendem para a personagem, o que a torna perfeita para o papel desde 2017.
Mas dessa vez, uma personagem muito bem-vinda fez sua primeira participação em live-action: Cheetah, brilhantemente interpretada por Kristen Wiig, tornou o filme ainda mais agradável de se assistir. E qual não foi a graça com que ela desempenhou a transformação da tímida, sem graça e invisível Barbara Minerva numa vilã sexy, poderosa e com enorme potencial.
E por falar em vilão, como não exaltar o Max Lord de Pedro Pascal, que representa numa pessoa só tudo o que era a já referida sociedade ocidental dos anos 1980: deslumbrada pelo poder. Mesmo bem caricata, a interpretação de Pascal nunca passa do ponto.
Eis aí a genialidade de Jenkins que, em seu roteiro impecável, construiu lindamente seus personagens e os encaixou de modo perfeito no contexto a que se propôs: no ápice da civilização do oeste ela colocou uma heroína de coração partido pela morte do homem que amava e que tem que se adaptar às transformações da sociedade já que é abençoada com uma vida mais longa que a de um humano comum; uma mulher carente e de baixa alto-estima que não sabe o poder que tem; e um homem ganancioso que não sabe lidar com o fracasso. Tudo gira perfeitamente para tornar Mulher-Maravilha 1984 uma grande obra do cinema, mesmo com a carga negativa que a expressão blockbuster agora traz.
E ainda falando do enredo, podemos dizer que todo o filme é baseado no eterno antagonismo valores versus vícios, na inerente ambiguidade do ser humano e também em nosso intrínseco egoísmo e paradoxal capacidade de redenção. Essa é uma daquelas histórias que nos conta um pouco sobre o tamanho de nossa imperfeição que, afinal, é o que nos torna o que somos: humanos.
Nesse ínterim, na premiere que aconteceu na véspera do lançamento oficial do filme, Jenkins disse que em cada menina que nasce existe uma Mulher-Maravilha em potencial. E talvez seja por isso que nós, mulheres, nos identificamos tanto com Diana, já que ela representa todas. Mas não precisamos ser deusas como ela para entendermos a extensão do poder da raça humana. A grande questão que fica é se estamos preparados para ele. Melhor seria se todos pudéssemos ser criados numa ilha como a das amazonas!
O figurino é um show à parte e ajudam a compor tanto o crescimento de Diana, como o recém-descoberto poder de Cheetah. Também ajudam a construir a parte humorística do longa juntamente com Chris Pine que, sim, está de volta ao filme! Quem viveu nos anos 1980 vai saber reconhecer e avaliar como a moda daquela época foi retratada.
Por fim, eu não poderia terminar antes de falar da trilha sonora de outro gênio da humanidade. A música de Hans Zimmer foi a cereja do bolo da produção e só provou mais uma vez que, com ele, não tem erro e que o compositor alemão é capaz de criar o clima certo para qualquer tipo de filme.
Agora sim acho que consegui justificar as três expressões do começo dessa análise e explicar porque Mulher-Maravilha 1984 é sensacional, supera todas as expectativas e entrega tudo o que prometeu, talvez até mais. Essa é a verdade. Valeu a espera. Voa, Diana, voa! Esperamos você de novo no próximo filme.
Respostas de 4
Com certeza os dois melhores filmes do universo DC no cinema são Mulher Maravilha,e este 1984 conseguiu superar o outro,agora Diana não voa,ela cai com estilo , lembrando toy story RS RS RS
Quantos detalhes! Dá muita vontade de assistir!!!
Nossa, que maravilha deve ser esse filme!
E é mesmo!!