O novo formato de cinema não mudou um fiapo sequer da essência dessa incrível história criada por Julian Fellowes
Quando uma carta do Palácio de Buckingham chega às mãos de Robert Crawley (Hugh Bonneville), o Duque de Grantham, dizendo que a família real se hospedaria em Downton Abbey, Mary (Michelle Dockery), sua filha mais velha, só teve uma reação: arregalar bem os olhos e dizer “o quê?”. Coincidência ou não, essa foi a mesma reação que os fãs do seriado mais glamouroso e sofisticado da televisão tiveram ao saber que a série, cuja última temporada foi ao ar em 2015, ganharia mais duas horas em versão cinematográfica.
O encanto que Downton Abbey produziu ao longo de cinco anos em 52 episódios é inegável e pode ser facilmente explicado. Está no capricho e esmero com que foi produzida; na trama genial que explora com a mesma intensidade tanto a vida da aristocracia como a da criadagem; na noção de honra e lealdade que passa ao público; na nobreza com que enfrenta tanto as alegrias como os sofrimentos; e finalmente na delicadeza com que nos foi apresentada a súbita mudança dos tempos, na passagem do século XIX para o atribulado e louco século XX.
E na versão para o cinema do diretor Michael Engler não foi diferente. Mesmo que ainda não tenha se passado tanto tempo assim desde o último episódio na televisão, foi de arrepiar ouvir novamente a bela música tema (agora com som de cinema) e rever o maravilhoso cenário que deu guarida à história da família Crawley – a casa que mais parece um palácio e seu imenso jardim de grama verde impecavelmente cuidada. Isso sem falar, é claro, na volta de praticamente todos os atores em seus papéis originais – na verdade, a única ausência que realmente incomoda é a de Lily James, que interpretou a vivaz Lady Rose MacClare, uma das personagens mais marcantes da trama.
Com roteiro simples escrito pelo mesmo criador da série, Julian Fellowes, o filme retoma a história de onde ela terminou no seriado. Dessa vez, o público vai acompanhar Robert Crawley e sua família na complexa, cansativa e honrosa tarefa de receber a família real em Downton, enquanto os criados, comandados mais uma vez por Charles Carson (Jim Carter), terão que lidar com a arrogante e insuportável comitiva de lacaios reais.
Os 118 minutos da trama se passam sob o pano de fundo da tensão entre monarquistas e republicanos na Inglaterra da primeira metade do século passado, quando então os valores de todos serão novamente testados, principalmente o do irlandês Tom Branson (Allen Leech), que desde o princípio deixa clara sua posição política, mas também demonstra seu caráter e mostra sem hesitar onde mora a sua verdadeira lealdade.
Não obstante, o mais bonito de tudo, é simplesmente ver a vida seguindo seu rumo; as dúvidas de Mary quanto a manter aquele estilo de vida quando a modernidade já pressionava para derrubá-lo e a emocionante certeza de Carson de que Downton resistiria; o comovente carinho e zelo da criadagem para com a família que lhes dava trabalho, casa, comida e proteção; o crescimento das crianças; enfim, testemunhar a sensível visão de mundo de Fellowes.
O fato é que a mudança de formato não mudou nem um pingo da essência dessa história e não tirou um fiapo sequer de seu glamour e sofisticação. Tais características lhe são inerentes. Estamos falando, afinal, de Downton Abbey.
Respostas de 2
Depois do seu comentário, não vejo a hora de assistir ao filme!!!! Adorei!!!!!
Obrigada, vale muito a pena! 😉