Crítica de filme

No Ritmo do Natal

Publicado 6 minutos atrás
Nota do(a) autor(a): 1.5

Novembro chega trazendo duas certezas: o início da temporada de filmes natalinos e o avanço da missão furtiva da Netflix de absorver a estética do estúdio Hallmark. No Ritmo do Natal prometia ser um dos filmes mais interessantes de 2024, mas o que recebemos foi uma trama que parece ter sido elaborada por um assistente de IA com o mínimo de orientação possível. Não quis esperar muito pra escrever sobre o filme com medo de apagar da memória com tanta intensidade quanto a de um neuralizador do MIB.

O que falta é elementar: carisma, química e, principalmente, aquele charme natalino. Não estou sendo amarga, adoro um clichê de Natal, mesmo que a maioria repita os mesmos desdobramentos narrativos. A fórmula pode ser tão repetitiva quanto um bolo de frutas cristalizadas, mas isso não importa se o enredo trouxer aquele brilho especial que a época permite.

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A trama segue uma ex-dançarina da Broadway (Britt Robertson) que, demitida de seu papel principal, retorna à cidade-natal e encontra o bar da família à beira da falência. Determinada, ela elabora um plano ousado: um show de strip-tease natalino para arrecadar fundos e salvar o negócio familiar. No processo, enfrenta desafios de produção e suas próprias inseguranças pessoais e amorosas.

Sabe aquele chocotone com nome italiano que você encontra na prateleira do supermercado, mas ao provar descobre que é feito de parafina e massa seca? Assim é No Ritmo do Natal, sem sabor e decepcionante. Nem mesmo o atrativo principal – a apresentação de striptease masculino – consegue disfarçar o gosto ruim. Aos vinte minutos, já é possível prever cada conflito e reviravolta. Chad Michael Murray nem sequer tentou fazer algo além de exibir seu tanquinho sensual.

O romance é tão artificial que o casal se apaixona em tempo recorde, tomando decisões absurdas e excessivamente emotivas. É a narrativa tradicional: garota da cidade grande visita a família no Natal, se apaixona em tempo recorde pelo bonitão local e aprende que o significado do Natal não é continuar sua carreira árdua de uma década e ganhar rios de dinheiro, é sobre largar tudo em nome de um sentimento impulsivo – nunca que um millennial compra esse discurso açucarado da Hallmark!

No fim, o filme não é nem um clichê gostoso, é pura frustração. A Netflix parece ter investido em um projeto preguiçoso, sem alma, apenas mais um conteúdo para preencher catálogo. Mas pelo menos temos Lindsay Lohan. Seus projetos natalinos recentes não são obras-primas, mas é reconfortante vê-la feliz e trabalhando.

Que a plataforma vermelha aprenda: precisamos de mais carisma, menos conteúdo genérico criado para cliques fáceis.

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No Ritmo do Natal

No Ritmo do Natal

The Merry Gentlemen
14
País: EUA
Direção: Peter Sullivan
Roteiro: Jeffrey Schenck, Peter Sullivan, Marla Sokoloff
Elenco: Britt Robertson, Chad Michael Murray, Marla Sokoloff
Idioma: Inglês

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