O que faz um bom filme de terror? São tantos detalhes, tantas considerações, mas basicamente, como em toda película, é o modo como o diretor constrói a sua mise-en-scène que faz toda a diferença. Infelizmente, essa diferença não se encontra em O 3º Andar – Terror na Rua Malasaña, obra de horror do diretor espanhol Albert Pintó.
Sendo assim, a obra tornou-se simplesmente mais um filme genérico de terror que não traz nada de novo ou minimamente interessante, com exceção da excelente trilha sonora (que lembra a do fenômeno Dark, da Netflix) e das boas atuações da protagonista Begoña Vargas, que interpreta a tranquila Amparo, e do pequeno Iván Renedo, o Rafael.
A história se passa na Madrid da segunda metade da década de 70, quando uma pacata família do interior se muda para a cidade grande em busca de uma vida melhor. Eles acabam escolhendo o apartamento do 3º andar da rua Malasaña, sem saber do terrível passado de seus antigos moradores. A família em questão é composta por um casal – Manolo (Iván Marcos) e Candela (Bea Segura) -, três filhos – Pepe (Sergio Castellanos), Amparo e Rafael – e o vovô Fermín (José Luis de Madariaga).
Antes de se casarem, porém, Manolo e Candela eram cunhados (Pepe e Amparo são filhos do primeiro casamento dela com o irmão de Manolo). Contudo, essa última informação é jogada de forma tão an passant que, sinceramente, não faz qualquer diferença, a não ser para em uma cena isolada, Amparo relembrar à mãe de que Manolo não era seu pai, o que seria típico de uma rebeldia adolescente, mas que não faz qualquer sentido se levarmos em conta a personalidade tranquila da garota. Em outro momento, a gerente da loja em que Candela trabalha também aborda o assunto para intimidá-la, mas, de novo, o fato não altera em nada o desenvolvimento da história.
Por outro lado, a fotografia bonita só nos leva ao lugar comum do terror, com elementos que dão nojo no espectador – como banheiras com líquidos repulsivos, gatos comendo entranhas e lugares imundos – e tentativas fracassadas de jump scare. Além disso, o ritmo lento e o enredo pouco interessante dão muito mais sono do que medo ou interesse. A única faceta intrigante é o fato de uma deficiente ser a única capaz de sentir os “fantasmas” e, dessa forma, ser a única capaz de ajudar. Mas até isso o roteiro foi capaz de estragar no final. Tirando esse detalhe, o filme é clichê do início ao fim, sem qualquer diferença de destaque.
Dessa maneira, O 3º Andar – Terror na Rua Malasaña só mostra como é difícil fazer bom terror, mesmo que seja um dos gêneros mais consagrados do cinema. Erra-se mais do se acerta e esse longa é um belo exemplo da primeira opção.