O Despertar de Um Assassino (Wake Up, 2019), longa dirigido por Aleksandr Chernyaev e Fedor Lyass, conta a história de John Doe, vivido por Jonathan Rhys Meyers, que acorda sem memória em um hospital depois de um “acidente” de carro. Contudo, acaba descobrindo que está sendo procurado pela polícia por cometer uma série de assassinatos na cidade.
A boa premissa do filme, que inclusive apresenta uma estética das obras do começo do século (principalmente no jogo de câmeras que utiliza), tenta instigar o espectador com as pistas (verdadeiras ou falsas) que vai jogando em seu desenrolar, mas a falta de impacto em determinadas cenas com potencial poderoso deixa a desejar.
Fica claro, desde o início, que o enredo tenta criar o complexo quebra-cabeça de um crime cujas peças o protagonista tem que juntar enquanto tenta se redescobrir e a intencionalidade do “acidente” se torna óbvia, uma vez que no porta-malas do carro em que estava foi encontrado o corpo de uma garota desaparecida.
No entanto, a estória insiste em se manter superficial, utilizando-se de um roteiro com diálogos rasos e cenas muito travadas que se comprimem em em seus 92 minutos de duração.
E nem as atuações são lá essas coisas, algo que também deixou bastante a desejar. Meyers e Francesca Eastwood, que interpreta a enfermeira Diana, não conseguem criar a química necessária na relação do casal, ficando difícil comprar a ideia desse relacionamento repentino, nem mesmo aceitando a justificativa da ajuda que ela oferece. O impacto negativo que essa falta de sintonia causa recai sobre os atores e se reflete diretamente na estória contada. Falta carisma até mesmo para o querido e inesquecível rei Henrique VIII (personagem de Meyers em The Tudors, série disponível na íntegra na Netflix), que nesse longa parece atuar de forma automática e não consegue carregar a bagagem que, em teoria, seu personagem deveria possuir.
Por fim, além da obviedade da trama, que reina do começo ao fim, como já referido, vale ressaltar a fraqueza das tramas secundárias, que também não se encaixam em nenhum momento do filme, sendo totalmente dispensáveis e sem sentido algum. Nota-se, dessa forma, que é quase impossível formar um quadro bonito e perfeito desse quebra-cabeça desconjuntado.
Contudo, paradoxalmente, apesar da má construção, O Despertar de Um Assassino é um bom passatempo para quem não quiser assistir a um longa muito detalhado ou complexo, uma obra que vale a pena para dar aquela descansada no final de tarde.
O filme está disponível no Now, VivoPlay, Microsoft e Google Play.