Crítica de filme

O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio

Publicado 5 anos atrás

Longa ‘O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio’ tenta consertar erros do passado, mas erra em mudar elementos fundamentais para o futuro

 

Atenção: CONTÉM SPOILER!

 

Não se trata de um título exagerado ou sensacionalista. Mas essa é a sensação que muitos fãs, assim como eu, tiveram após assistir O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio. O sexto filme da franquia é mais uma tentativa de dar continuidade à história protagonizada por Arnold Schwarzenegger, de forma convincente aos fãs. Mas não foi dessa vez.

Quando os direitos de O Exterminador do Futuro saíram das mãos de James Cameron novos filmes da saga foram feitos, mas nenhum agradou tanto os fãs como o original de 1984 e a sequência O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final, de 1991. Mas com o retorno do criador da saga, tudo parecia caminhar para um grande reboot em 2019.

O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio foi criado com o intuito de ser uma continuação direta da parte 2, ignorando todos os outros filmes – James Cameron tinha autoridade para apontar quais erros deveriam ser reparados. Junto com o diretor Tim Miller (Deadpool) o filme prometia ser um grande reencontro de Sarah Connor (Linda Hamilton) com T-800. Mais uma vez repito: não foi dessa vez.

sarah connor e T-800
Sarah Connor e T-800

A primeira coisa que me perguntei após assistir ao novo filme foi “o que fizeram com a história?”. Começando com um visual interessante de massa e design das máquinas – que remetem a uma mistura de T-800 com T-1000 -, o longa acaba com a alegria dos fãs nostálgicos da franquia logo nos 3 primeiro minutos. Vemos, em 1998, uma jovem Sarah Connor tranquila em uma praia, relembrando ter impedido, no passado, a destruição da humanidade para as máquinas. Mas logo o cenário muda com a chegada de um T-800 aprimorado e sem explicações que mata o menino John Connor (Edward Furlong).

A partir daí, o roteiro de O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio centra a história na mexicana Dani Ramos (Natália Reyes), alvo de um robô vindo do futuro que passa a persegui-la para matá-la. O motivo? Em alguns anos,  seu filho se tornaria líder de uma revolução através da qual os humanos retomarão o mundo destruído pelas máquinas (já vimos esse filme, não?). Mas para protegê-la, temos a ciborgue Grace (Mackenzie Davis), uma combatente que vem do futuro e passou por processos de melhoramento tecnológico que aumentam sua força, rapidez e visão. A Skynet foi eliminada, mas uma nova ameaça surge, com o nome Legião.

Natalia Reyes e Mackenzie Davis
Mackenzie Davis e Natalia Reyes

 

Para mim, acabar desta forma com o arco do John Connor para substituir o gênero do herói não foi uma escolha inteligente. Entendo que estamos em uma época que a representatividade feminina é algo importante, mas colocar isso goela abaixo em tudo, ainda mais em histórias clássicas e dessa maneira bruta, não é algo bom. Não adianta aumentar o número de mulheres no protagonismo se a qualidade não é boa.

Retorno de Sarah

linda hamilton sarah connor
Linda Hamilton como Sarah Connor

 

O retorno de Sarah Connor é triunfal e aqui tiro meu chapéu para atuação de Linda Hamilton. A sempre durona protagonista de Terminator volta em uma versão mais madura e sarcástica. E o embate de ideias com Grace é interessante e mostra a boa interação de Linda e Mackenzie que, aliás, merece um destaque também entre os novos personagens.

Mas não posso dizer o mesmo em relação à personagem Dani. Sem carisma, com diálogos rasos e extremamente forçada. Os roteiristas queriam nos entregar um novo John ou Sarah Connor, mas sem os elementos fundamentais que os fizeram cair nas graças do público. Lamentável.

E o que dizer de T-800? Passada uma hora de filme, você espera o retorno dele com suas botas, armas, jaquetas e talvez uma baita motocicleta. Mas na trama, o trio feminino, ao atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos, encontra uma cabana onde agora vive o grande ciborgue. E pasmem, em uma versão nunca imaginada.

Desde a infância acompanho a saga de O Exterminador do Futuro e adoro ver o T-800, a máquina violenta quee não para por nada para conseguir seu objetivo. Direto, simples, com poucas falas, mas ao mesmo tempo complexo. Porém a versão de 2019 nos trás um Arnold piadista, caseiro e pai de família, com o nome de Carl. Isso mesmo. Infelizmente devo concordar que “nutellaram” o personagem.

Vilão

gabriel luna
Gabriel Luna como Rev-9

 

Já o vilão Rev-9 (Gabriel Luna)também merece destaque. Com nova tecnologia, mais destruidora, e um jeito calado e frio, que nos lembra T-1000. Ele  pode se liquefazer, deformar suas partes do corpo em lâminas ou tentáculos e até criar uma duplicata. E as cenas de ação com ele, do início a o fim do filme, dão um pouco de fôlego à produção, mas não o suficiente para salvar o filme. Mesmo que apareçam novamente T-800 e Sarah Connor armados e metendo bala no vilão, fazer todo o protagonismo e salvação da humanidade para uma personagem sem carisma nenhum me incomodou bastante.

Forçado, com roteiro raso, cheio de furos e mal construído, O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio tenta reviver o espírito original, mas acaba também abandonando boa parte daquilo que o fazia memorável. É triste para os fãs que esperaram tanto tempo por uma continuação direta, na esperança de ver novamente John Connor finalmente liderando a resistência. Nesse quesito, posso dizer que A Salvação (2009) se saiu bem melhor. E também triste para a dupla Arnold e Linda, que se consagraram como heróis de uma grande franquia de ação, se tornando meros coadjuvantes em um filme sem sentido.

Conselho de amiga: Se você é fã e não quer passar raiva, nem perca seu tempo assistindo. Ainda assim, se a curiosidade for maior, prepare-se para essa destruição da saga.

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o exterminador do futuro dark fate poster
País: Estados Unidos
Idioma: Inglês

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