Os 7 de Chicago junta diferentes tribos em busca da paz mundial
A guerra do Vietnã sempre foi um assunto muito recorrente no cinema. Todo ano são lançados vários filmes ficcionais e documentários sobre o assunto. Por ter sido uma guerra desnecessária e nada pacífica, o mundo inteiro repudiava o conflito, principalmente os norte americanos, que viveram isso de perto. Em Os 7 de Chicago (The Trial of the Chicago 7) a guerra é usada como segundo plano para contar a história de uma das maiores e mais conhecidas manifestações da história dos Estados Unidos.
Baseado em fatos reais, Os 7 de Chicago conta a história da manifestação que ocorreu em 1968 contra a guerra do Vietnã. Isso virou um marco por ser considerado um dos confrontos mais duros e violentos de manifestantes contra os policiais. A trama dá foco ao julgamento de alguns líderes de movimentos pacíficos que lutaram contra a guerra.
Dessa forma, mesmo com apenas dois filmes dirigidos em sua carreira, Aaron Sorkin se sai muito bem nessa função, mostrando que além de um bom roteirista é também um bom diretor. Como mencionei antes, essa história sobre a guerra foi bastante abordado no cinema e no caso de Os 7 de Chicago o foco não está na guerra em si ou nos ex-soldados, mas sim no povo estadunidense – principalmente esses líderes dos movimentos pacifistas – que repudiaram os conflitos que não possuíam motivos racionais, apenas ideológicos.
Com um orçamento de 35 milhões, Sorkin e a produção do longa não pouparam investimentos na hora escalar o elenco. Mesmo com vários “protagonistas” nenhum deles fica subutilizado ou mal-usado, todos os personagens tem uma função narrativa e se desenvolvem no caminhar dela. É interessante ressaltar as diferentes personalidades e ideias de cada réu que está em julgamento naquele tribunal – até porque essa é uma história real e todas as pessoas têm características diferentes.
Porém, mesmo tendo um roteiro quase perfeito, vejo que vários clichês foram aproveitados, ainda que isso, nesse caso, não tenha sido um grande problema. O mais notável deles é o do juiz preconceituoso e nada qualificado para seu trabalho. Fora esses pequenos obstáculos que impedem o texto do filme de chegar à perfeição, o resto está muito bem encaixado, com destaque os personagens.
Assim, é inegável que o trabalho de todos os atores dentro dessa obra é de muita qualidade, porém alguns deles, por terem mais tempo de tela, brilham mais que outros. Faço um destaque a Sacha Baron Cohen, cuja personagem complexa possui várias camadas, e a Eddie Redmayne que, por sua vez, faz um papel mais sutil e minimalista sem deixar de ser importante. Ambas as personagens buscam pelo mesmo objetivo: acabar com a guerra e tornar o mundo um lugar melhor. E é na última cena do longa Redmayne transcende e chega ao seu ápice, mostrando que ainda existe empatia na sociedade, mesmo ela estando em conflito com o egoísmo.
Além daquele, outra questão que, ao meu ver, foi assertiva, mesmo que possa haver controvérsias, é a sobre a passagem de tempo. Todo o desenrolar desse período de julgamento demorou vários e exaustivos meses e ao invés do filme retratá-lo de uma forma mais lenta, ele escolhe pular etapas e só mostrar os melhores e importantes acontecimentos. Isso, na minha visão, torna a trama mais fluida e menos cansativa, porém menos ricas em detalhes. Entretanto, por passar a mensagem em sua essência, não acho que o ritmo dessas cenas atrapalhou o desenvolvimento narrativo.
Por outro lado, o filme não resulta em apenas um ótimo elenco. A montagem da produção faz toda a diferença do começo ao fim. Um bom exemplo são as cenas iniciais, que já captam uma das mensagens passadas de que esses grupos com o mesmo propósito talvez não estejam em perfeita harmonia – e de como isso pode ser um grande problema.
Além disso, há muitas questões relevantes que o enredo do filme discute, sendo que uma das principais é sobre a violência. Até que ponto o uso da violência é aceito? Tem jeito de conquistar as coisas de forma totalmente pacífica? Essas são perguntas criadas para que os espectadores discutam os valores desses movimentos e se eles são, de certa forma, benéficos à sociedade.
Fora isso, outro ponto abordado é de como os Estados Unidos se blindava contra esses protestos, alegando que eles eram errados e normalmente violentos.
Sendo assim, apesar de ser apenas sua segunda direção, Aaron Sorkin leva jeito para dirigir filmes e se mostra um cineasta mais completo do que antes. The Trial of the Chicago 7 é um ótimo filme para se refletir e estudar um pouco mais sobre a época apresentada.
Os anos 60 foram difíceis!!!
Disponível na Netflix