Nos últimos tempos, a Netflix tem lançado filmes de ação que bebem muito da fonte dos seus irmãos mais velhos dos anos 80 e 90, apostando na nostalgia que evocam. Foi assim com o mediano Troco em Dobro em março e depois com o fraco Coffee & Kareem no início de abril. Seguindo essa tendência, a plataforma de streaming lança seu mais novo exemplar de ação em Resgate (Extraction), dessa vez ancorado no carisma de sua estrela, Chris Hemsworth.
A película conta a história de Tyler Rake (Hemsworth), mercenário marcado por uma tragédia pessoal que aceita a missão impossível de resgatar o filho de um senhor do crime das mãos de outro chefão do crime de Bangladesh. Baseado na graphic novel Ciudad, escrita pelos irmãos Joe e Anthony Russo (diretores de Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato) e Ande Parks, o filme segue a cartilha do filme de ação genérico sobre um exército de um homem só que possui uma alma torturada. Sua chance de redenção encontra-se na salvação de seu jovem companheiro e objetivo de sua missão.
Contudo, o que diferencia Resgate dos lançamentos anteriores reside no fato de seu diretor, Sam Hargrave, vir do universo dos dublês, expert em cenas de ação de filmes como Vingadores: Ultimato, Atômica e Capitão América – O Soldado Invernal. Claramente focado nas cenas de ação, ele confere uma energia e dinamismo que permeiam todo o filme, mas sem necessariamente cansar o telespectador (um abraço, Michael Bay). Salta aos olhos o longo plano sequência nas ruas de Bangladesh, quando acompanhamos a fuga desenfreada do personagem principal e seu parceiro entrando e saindo de carros, se esgueirando por vielas estreitas e prédios lotados, sem cortes aparentes, tal qual uma versão reduzida e mais absurda de 1917. Fica claro tembém a influência da série John Wick nas cenas de luta, com seus tiroteios a curta distância misturados a uma boa dose de violência gráfica. Sobra até espaço para alguma comicidade na cena em que Rake precisa lidar com um grupo de crianças e adolescentes de maneira muito pouco ortodoxa.
Outro ponto alto do filme é seu elenco, liderado pelo carismático Chris Hemsworth. Mesmo que seu arco dramático seja um pouco raso e óbvio, ele consegue conferir alguma vulnerabilidade ao personagem durão. Vale destacar também a atuação do jovem Rudhraksh Jaiswal como Ovi e Randeep Hooda como Saju, adversário transformado em aliado no resgate de Ovi. Fecham o elenco Golshifteh Farahani (Patterson) no papel de Nik, a inteligência por trás da missão de resgate e uma participação divertida de David Harbour (Stranger Things) no papel de um contato de Rake em Bangladesh.
Mesmo sem inovar, Resgate se mostra um belo exemplar do gênero de ação, com duas horas intensas, repletas de boas sequências e atuações competentes. É certamente um bom respiro depois dos últimos lançamentos do mesmo estilo na Netflix. Rambo estaria orgulhoso.
