Sem Rastros, o novo filme de Peter Facinelli, mais conhecido como o Carlisle da saga Crepúsculo, tem um início bastante parecido com o do maravilhoso A Cabana, explorando o desespero de pais que, de repente, veem sua filha ser arrancada de seus braços pela maldade de alguma pessoa pervertida. Porém, enquanto A Cabana segue para o lado místico e espiritual, Sem Rastros ruma em direção a um caminho mais sombrio e misterioso. No entanto, o desaparecimento da pequena Taylor (Sadie Heim) num acampamento de família, embora possa parecer a questão central da película de Facinelli, é apenas o mote para o verdadeiro tema do filme: o casamento, suas falhas e os rastros que deixa na vida das pessoas, num interessante duplo sentido com o título em português.
Sendo assim, três casais nos são apresentados ao longo da história. O principal, Wendy (Anne Heche) e Paul (Thomas Jane), chegam com a filha e o cachorro da família ao acampamento onde a garota desaparece misteriosamente. Contrastando diretamente com eles, temos também Miranda (Aleksei Archer) e Eric (Kristopher Wente), em pleno vigor da juventude, casados há pouco tempo, mas que não conseguem ter filhos. Finalmente, há o xerife Baker (Jason Patric), responsável pela investigação do desaparecimento de Taylor, e sua mulher Marianne (Rebecca Lines), atormentados pela perda do filho adolescente dependente químico. Nenhuma dessas seis pessoas é feliz, porque todas têm que lidar com essas falhas sem conseguir se livrar de um ininterrupto sentimento de culpa pelo desaparecimento, pela ausência e pela morte, respectivamente.
Todas essas angústias nos são mostradas dentro de um paradisíaco cenário de lago e floresta, cuja beleza indubitável vai se tornando sombria na mesma cadência do enredo – não é à toa que a época em que a história se passa seja o inverno, quando tudo parece ficar mais desolado e sem cor (por isso a fotografia em tons mais frios também). Dessa forma, mesmo que o sequestro de Taylor seja o pano de fundo, o público se vê envolvido muito mais na vida desses três casais do que na investigação do desaparecimento em si. À medida que as questões citadas acima vão sendo desvendadas, o roteiro bem feito e instigante vai sendo revelado. Interessante notar como os três casais descobrem que, de alguma forma, se espelham, enxergando suas próprias falhas uns nos outros e como todos vão deixando rastros em suas relações com a sociedade.
Sem Rastros não é um grande filme, mas mostra que Facinelli é um diretor maduro que ainda pode crescer bastante. O longa é uma obra suficientemente instigante que consegue prender o espectador do início ao fim, e o final apresenta uma reviravolta muito interessante. Para quem curte um bom suspense, é uma ótima opção. Prepare-se para o que essa inocente viagem em família em um lago paradisíaco pode trazer. Mas uma coisa eu garanto! Não há nada de vampiros que brilham ao sol na história, só uma pequena referência ao filme que deu visibilidade ao diretor, quando o livro Twilight aparece inocentemente em uma prateleira.
*O filme já está disponível nas principais plataformas digitais (NOW, Looke, Vivo Play, Google Play, Microsoft e iTunes) em cópias dublada e legendada (com áudio original).
Uma resposta
Interessante porém sem rastro “” este mm título se confunde com outro filme tbem. Mas o personagem de um jovem caseiro do camping não elucida o que tem a dizer. E no final parece que há outro envolvido neste crime