Uma pessoa perde a família pelas mãos de terroristas, do governo, de uma instituição ou qualquer coisa do tipo e agora, movido pela dor, pela raiva e pela impotência, quer se vingar. Tem roteiro mais batido do que esse? Uma fórmula de sucesso pode (e deve!) muito bem ser repetida, mas desde que tenha algo de próprio que a torne única entre seus pares. Porém esse não é o caso de Sem Remorso (Without Remorse) longa que recentemente estreiou no catálogo da Amazon Prime. O filme do diretor Stefano Sollima estrelado por Michael B. Jordan se mostrou, portanto, mais um filme genérico de ação que utiliza o plot mencionado acima.
O roteiro da película é baseado no romance homônimo de Tom Clancy (Jordan), mas não é fiel ao texto literário, fato que pode ter sido o erro que impediu a obra de ser melhor do que acabou se tornando. No caso, John Kelly, um soldado do SEAL da Marinha, vê sua mulher grávida ser assassinada e, então, parte numa jornada perigosa para se vingar dos responsáveis. Ele vai descobrir, no entanto, que a conspiração é muito maior do que ele pensa.
O enredo lembra bastante o de John Wick (Chad Stahelski, David Leitch, 2014) – reparem que até o nome do protagonista é parecido -, mas não possui o mesmo charme dessa história. Sendo assim, numa compilação geral, pode-se atribuir todo o não sucesso de Sem Remorso a seu roteiro fraco, já que, de resto, nada o compromete. O elenco é forte – destaque para o próprio Jordan e Jodie Turner-Smith, que interpreta a sisuda Karen Greer -, os efeitos especiais perfeitos e a ambientação muito boa. Só faltou aquele algo a mais que não foi entregue.
Dessa forma, nada no filme chama muito a atenção a não ser a bela forma física de seu protagonista, mas se há algo interessante nessa história, é a manipulação do sistema que ele retrata, não só de John Kelly, mas de toda uma nação, o que ensina que viver no mundo atual é atuar num complexo jogo de xadrez no qual a grande maioria das pessoas são meros peões lutando quase inutilmente contra um poderoso rei. Tudo isso é mostrado à medida que Kelly vai descobrindo que as pessoas que ele achava que eram os seus inimigos, na verdade são, assim como ele, a mais fraca das peças desse tabuleiro.
Sendo o primeiro dos dois filmes de uma franquia, Sem Remorso não pode se redimir com a justificativa de ser considerado uma introdução, até porque o filme tem começo, meio e um final bem fechado. Fica a lição de que a mais forte das armas que uma pessoa pode ter não possui balas ou gumes afiados, e ela se chama amizade. Pelo menos isso é sempre bonito de se ver. No entanto, Rainbow Six vem por aí, e espero que nos surpreenda com algo melhor!
Uma resposta
Mais uma critica top, não espere muito da continuação, é um jogo de vídeo game, então sem expectativas.