Crítica de filme

Crítica | O pop contra o luto em ‘Unidas Pela Esperança’

Publicado 4 anos atrás

Já dizia aquele ditado popular: “quem canta, seu males espanta”. E é exatamente essa a mensagem de Unidas Pela Esperança. Baseado na história real de um grupo de esposas de militares ingleses que formam um coral e se tornam um fenômeno na Inglaterra, o novo longa de Peter Cattaneo (do sucesso Ou Tudo Ou Nada) foca em como essas mulheres transformam seus medos e ansiedades em música, quase que como uma terapia para elas.

O filme é protagonizado por Kirstin Scott Thomas (indicada ao Oscar por O Paciente Inglês) no papel de Kate, uma mulher atormentada pela perda do filho e pelo marido que decide voltar para guerra. Isolada em uma vila militar junto com as outras esposas de militares, ela tenta criar eventos que as ajudem a passar o tempo e distraí-las da vida que vivem. Por não ser uma pessoa exatamente flexível, ela acaba batendo de frente com Lisa (Sharon Horgan) e as outras mulheres, que preferem apenas beber para esquecer dos problemas. Em uma das reuniões para estabelecer os eventos, a ideia de criar um coral é jogada como piada, mas acaba se tornando o elemento que vai conectar essas pessoas.

unidas pela esperança regendo

 

Esse antagonismo entre Kate, uma mulher pragmática, e Lisa, uma personalidade mais aberta e dada ao improviso, é o que carrega o filme e vai fazer com que vejam as qualidades umas das outras e unir o grupo. Embora essas mulheres não tenham suas personalidades plenamente desenvolvidas (temos a engraçada, a medrosa, e por aí vai…), o enredo é hábil em demonstrar a sonoridade que acaba surgindo entre elas. O próprio resultado desse conflito entre a rigidez de Kate em querer introduzir partituras e músicas clássicas e a liberdade de Lisa em usar músicas pop famosas para atrair o grupo é um dos grandes trunfos do longa. E é uma pena que a experiência de Unidas Pela Esperança se dê apenas em casa ou em cinemas com capacidade reduzida por causa da pandemia. É o tipo de filme que se beneficiaria com a experiência coletiva da sala de cinema.

É claro que um longa desses não está livre de falhas, e Unidas Pela Esperança não é exceção. Estão lá todos os clichês típicos desses filmes edificantes: a rejeição inicial, a criação de laços, a briga que precede o ato final e o número de encerramento. Mas o elenco se mostra tão carismático que somos compelidos a relevar essas falhas e aproveitar essa história de mulheres que se apoiam umas nas outras para sobreviver a grandes tragédias pessoais.

unidas pela esperança três mulheres

Unidas pela Esperança é o típico “feel-good movie”, que por mais que trate de assuntos pesados como perda e luto, consegue nos deixar com um sentimento de leveza e alegria em seu final e a certeza de que o pop pode curar todas as feridas. E talvez seja exatamente disso que precisemos agora.

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Unidas pela esperança poster maior
País: Reino Unido
Idioma: Inglês

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