Vou Nadar Até Você (2019) é o longa-metragem de estreia do germano-brasileiro Klaus Mitteldorf – mais reconhecido no ramo da fotografia e publicidade – e codirigido por Luciano Patrick. O filme se desenvolve a partir de Ofélia (Bruna Marquezine) que descobre que o seu suposto pai, Tedesco (Peter Ketnath) está em Ubatuba, então a garota resolve ir nadando pelo litoral paulista para ir ao seu encontro, mesmo com a desaprovação de sua mãe.
A jornada de Ofélia se inicia junto com os problemas do filme. Para situar o espectador, Mitteldorf e Patrick se utilizam do artifício da carta na qual Ofélia narra todas as informações necessárias para a compreensão da trama. O uso de ferramentas expositivas se estendem por toda a exibição, é como se o realizador não entendesse seus personagens e sua narrativa, recorrendo, assim, a diálogos explanativos e de outros meios para tentar envolver o espectador.
Ademais, optam, na maioria das vezes, pela solução mais fácil e cômoda. Não há um trabalho das imagens com o intuito de mostrar algum conflito da personagem, é sempre o jeito mais óbvio de resolver. Uma das ferramenta utilizada é a utilização do preto e branco para indicar o passado, mesmo que um lettering apareça indicando que a cena se passa um tempo antes. São escolhas que mastigam todas as informações para o público.
Em relação à imagem, Mitteldorf e Patrick se aproximam da linguagem publicitária. A fotografia utiliza de uma lente anamórfica que distorce o foco, criando uma estética mais cinematográfica, e de diversas tomadas aéreas feitas com auxílio de drones. O diretor aproveita bem do foque e desfoque, criando cenas esteticamente interessantes, principalmente as de Smutter (Fernando Alves Pinto) observando Ofélia.
Porém, o problema dessa linguagem é que a escolha dos planos e da montagem são arbitrárias. A preocupação é fazer imagens bonitas apenas pelo prazer estético, sendo que o Cinema é muito mais do que uma bela fotografia. Tal escolha, além de não ter uma unidade estilística condizente com a narrativa, acaba tirando todo o poder dramático das imagens, já que os planos exaltam o belo, ao invés da relação entre os personagens e desses com o espaço em que estão.
Entretanto, o maior problema está no roteiro. Vou Nadar Até Você sofre do mesmo problema de Os Escravos de Jó (2019) de Rosemberg Cariry, exibido na abertura da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Os dois longas, parecem ter sido concebidos a partir de editais que buscavam fomentar o turismo de regiões do Brasil. O primeiro do litoral paulista e o segundo de Ouro Preto, MG.
Os acontecimentos que movem a trama são motivados por fatores extra filme, como no momento em que Ofélia dorme em uma pista de skate e Smutter resolve ir de patins até a moça, carregando uma GoPro no capacete. A imagem utilizada então é a dessa câmera, em primeira pessoa. Os eventos não possuem uma lógica na narrativa, apenas acontecem. É como se fosse uma obrigação legal do filme de ter que exibir tal ponto turístico do litoral paulista ou ter que satisfazer a vontade de uma marca patrocinadora.
No que tange à atuação, Bruna Marquezine e Peter Ketnath estão bem, porém essa busca incessante de Mitteldorf e Patrick por imagens belas, acaba prejudicando a interpretação da dupla. O roteiro também não ajuda. Ofélia é uma personagem bastante ingênua e parece estar distante da realidade da mulher brasileira, como no trajeto de Santos a Ubatuba, em que a moça pede carona para pessoas desconhecidas e nenhum perigo real lhe é confrontado.
Também, há uma objetificação problemática do corpo feminino, uma vez que algumas cenas de nudez não possuem justificativa na narrativa, a não ser somente agradar o olhar masculino. São diversas as cenas em que isso ocorre, como quando duas mulheres nuas dançam em uma praia deserta ou quando a direção faz uma filmagem subaquática de Ofélia, em que só os seios e o rosto aparecem.
Além disso, as motivações dos personagens são fraquíssimas. Tedesco recebe uma carta de Ofélia, dizendo que irá visitá-lo, ele mantém uma distância proposital dela, recebe fotos de Smutter. Apenas no momento em que vê a mulher em sua instalação é que um desejo de encontrá-la se acende, o que não faz nenhum sentido. E ainda há o final do filme, o momento em que Tedesco se desespera ao achar que Ofélia foi envenenada por Smutter e que, no entanto, não convence o espectador, uma vez que o arco do personagem não foi bem desenvolvido.
O roteiro é praticamente a história de vida do diretor, já que ele era surfista, também é germano-brasileiro e fotógrafo. Dessa maneira, como dito, há cenas que não se justificam, a exemplo de quando a música Sou + Você do grupo Racionais MC’s é incorporada a uma cena de Ofélia. Não há uma relação entre a imagem e o som. A única desculpa possível é que Mitteldorf é responsável pela imagem da foto do álbum, não existindo assim nenhuma relação direta com a narrativa.
Ademais, há uma cena que revela bastante das intenções do filme: Ofélia anda pelas ruas de Ubatuba quando dois homens entram em cena carregando um espelho que reflete a imagem de um dos patrocinadores do longa. É um merchandising nada discreto, que mostra como o filme existe apenas para cumprir uma demanda. Não há cinema. É como se fosse uma publicidade de uma hora e quarenta minutos. É um produto audiovisual que não se arrisca em nenhum momento.
Portanto, Vou Nadar Até Você é um produto audiovisual que mais se assemelha à publicidade do que ao cinema. Uma mercadoria vazia e obsoleta.
Respostas de 8
Qualquer olhar direcionado pra arte, enchergando da mesma somente defeitos. É um olhar de um cérebro padrão. Do tipo: criado pela avó. Isso se torna absolutamente normal quando se trata de cérebro em evolução. A arte está ali sim, mas quem olha só encherga os defeitos. O que importava ali seria que essa mente que encherga uma verdadeira arte feita por BM, PASSOU SIM O QUE SE ESPERAVA VER .
QUE ELA PAGOU COM A VIDA A CANALHISSE DE UM HOMEM QUE ELA ACHAVA QUE ERA SEU PAI. ELE ROUBOU O TRABALHO DO FOTÓGRAFO QUE ELE CONTRATOU PARA SEGUI-LA. A RESPEITO DA TRILHA SONORA DO MC.BILL É MOSTRANDO QUE DE ONDE ELA SAIRA PRA ONDE ESTAVA INDO, EXISTIA UMA IDEOLOGIA DE VIDA. E A RESPEITO DAS DUAS MULHERES COM SEIOS DE FORA ALI EM SANTOS, SERIA SOMENTE UM NUDISMO PROPOSITAL QUE AOS OLHOS DE UMA FILHA DE UM FOTÓGRAFO, CABERIA SIM UMAS BOAS IMAGENS….VCS ESTÃO EQUIVOCADOS E COMPARANDO ESSE FILME COM O RUIM FILME ” O NÁUFRAGO…. PARABÉNS PELO FILME
No filme “No filme o náufrago…
A FEDEX ESATVA LÁ…QUE BOSTA.
Muito fraco e vazio.
Um bom comercial do litoral norte paulista e das Casas Pernambucanas. No mais, o vazio da estética e a ausência de conteúdo
Hahahahaha!
Imaginava que seria um super filme e que a minha participaçao num efeito especial pudesse ser notória. as horas trabalhadas na criação da automação do galo dos ventos e a obrigatoriedade de estar presente para quando eles estivessem a fim de gravar o movimento do vento e o galo ao fundo da imagem sem que pudesse dar errado nao compensaram a expectativa descabida. (nem valeu a pena a cena do galo, fui obrigado a encontrar uma maneira de fabricar em menos de um dia um motor capaz de mover uma placa de aço de mais que cinco quilos como se fosse papel e o motor teria que se esconder em um tronco praticamente de duas polegadas e fizesse exatamente o movimento natural do vento) pra piorar curti muito menos o cachê (300 reais) que se eu nao brigasse muito e durante um mês talvez nem tivesse recebido. Torci para que fosse um filme bom mas me decepcionei muito. eu jamais teria fabricado a automaçao do galo se soubesse que seria o dinheiro mais suado para receber e menos valorizado que ja me propuseram.
Só valeu a pena pela beleza da B.M. pq todo o resto é muito ruim.
É uma grande atriz e uns caras que pelo jeito Não entendem nada de filme boicotaram ela nesse projeto.
Pelo amor de Deus, nunca assisti nada pior.