O ano de 2009 esteve inspirado para o cinema, Avatar quebrava paradigmas e recordes de bilheteria com suas inovações tecnológicas. Quentin Tarantino lançava seu 6° filme, Bastardos Inglórios, e Se Beber Não Case trouxe um frescor para o gênero da comédia. Ao lado desses clássicos contemporâneos veio Zumbilândia, mostrando que o apocalipse zumbi poderia ser divertido e despreocupado, ao contrário de outros filmes do gênero que apresentavam apenas o horror nesse cenário.
Zumbilândia é debochado e não tem medo de rir na cara do perigo de um vírus mortal ao ignorar totalmente as leis básicas de sobrevivência, substituindo-as por regras um tanto quanto sem sentido através do personagem de Columbus (Jesse Eisemberg). Ao se aliar a Tallahassee (Woody Harrelson) eles caem na estrada em busca da sobrevivência e no caminho se deparam com Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) que acabam se mostrando um obstáculo para a dupla. Zumbilândia é um filme que é impossível assistir uma vez. As piadas são tão certeiras que mesmo ouvindo-as mais de uma vez você consegue rir. Com um elenco de peso e uma extraordinária química entre os personagens, o longa foi mais uma das inovações narrativas de 2009.
Nesse intervalo de dez anos tentaram recriar a história em formato de série de TV, porém com atores completamente diferentes. O projeto não passou do piloto dada a rejeição do público. Todos queriam uma sequência com o mesmo elenco. O que impedia era a popularidade de seus protagonistas, todos tinham indicações ao Oscar e parecia que Emma Stone não liberaria sua agenda tão cedo. Foi então que no ano de 2018 fomos agraciados com a confirmação da sequência com o retorno de peso do quarteto original. Só que com a alegria veio à preocupação dessa continuação ter chegado muito tarde para retomar a história sem perder a qualidade.
É seguro dizer que o segundo capítulo não falha, na verdade, responde muitas perguntas que tive ao terminar o primeiro filme. E foi uma satisfação ver como esses personagens não mudaram sua essência e parceria. Nessa aventura, nossos heróis enfrentam novos tipos de zumbis que evoluíram desde o primeiro filme, bem como alguns novos sobreviventes humanos. Mas, acima de tudo, eles têm de enfrentar os problemas de crescimento da sua própria peculiar família improvisada. Os roteiristas não economizaram nas referências, o que rendeu excelentes piadas.
Tallahassee e Columbus brilham como sempre, sendo possível notar uma evolução no segundo filme, uma coragem que não existia antes e o amadurecimento da relação com Wichita o tornou mais homem. Existe uma intimidade mais intensa no grupo, o que é natural após anos de convivência nesse mundo devastado. Little Rock foi a mais apagada do grupo e também a mais irritante, mas tudo isso foi proposital – não deve ser nada fácil ser uma adolescente que convive com as mesmas pessoas e que deseja intimidade com alguém de sua idade. Especialmente quando ainda é tratada como criança pela figura paterna de Tallahassee, sendo que ela é tão durona quanto. Wichita ainda tem seus problemas de confiança, mas é divertidíssimo vê-la com ciúmes de Columbus quando certa personagem aparece para dividir o relacionamento.
Falando em novos personagens, Madison (Zoey Deutch) é um acréscimo maravilhoso nessa sequência. Ela abraça por completo a personalidade de garota inocente e sem noção, que por vezes não tem ideia dos riscos que corre. Tudo que sai da boca dela é puro ouro e não teve nenhum momento em que eu não sorria vendo-a em ação. Não vou mentir, queria um filme só dela de tão boa que a moçoila foi.
Os personagens de Luke Wilson e Thomas Middleditch cumprem um trabalho competente na proposta que foram inseridos e de forma alguma eles saturaram a história. Eles apareceram no momento que deveriam aparecer. A personagem de Rosario Dawson me seduziu por completo por ser uma bad ass e, ao mesmo tempo super acolhedora.
A única coisa que se poderia ter explorado melhor são os astros do filme: os zumbis. Na sequência, a impressão que ficou foi certo relapso a essa ameaça, especialmente porque eles estavam evoluindo, representando um perigo ainda maior. Eles tinham tempo para falar mais sobre o T800, o ninja, o homer etc. Na verdade, se o Columbus fizesse um manual mais detalhado catalogando os tipos de zumbis, a narrativa seria mais enriquecida. O clímax da história é aquilo que Zumbilândia sempre propôs, barulhento, surreal e baseado em decisões questionáveis. No fim tudo se resume ao absurdo, ao frenético, que apesar de tudo convence e cativa o público.