Crítica de série

Crítica | La Casa de Papel – Parte 5, Volume 2

Publicado 3 anos atrás

SPOILER ALERT!

La Casa de Papel não deveria ter passado da segunda temporada, como já dizia uma das maiores máximas desse começo de século. Como eu mesma referi em minha crítica do volume 1 da última parte de um dos maiores fenômenos da TV, o assalto ao Banco da Espanha foi em si uma “encheção de linguiça”, uma forma de estender o máximo possível o sucesso que já havia se fechado de maneira espetacular e mais do que satisfatória. E como se não bastasse, a temporada final foi dividida em duas.

Que grata surpresa, porém, nós tivemos neste desfecho. Quando já estávamos perdendo a paciência com algo que já tinha passado de sua fase áurea, o criador Álex Pina teve mais um surto de genialidade e conseguiu, vejam só, nos surpreender novamente, e La Casa de Papel não terminou com aquele gosto agridoce na garganta.

Mas o que aconteceu para que estes derradeiros episódios recuperassem a maior parte da glória do início da série?

Alicia Sierra

Os motivos são vários. Neste epílogo estávamos sem Tóquio e só uma atriz gigante como Najwa Nimri, que interpreta a implacável Alicia Sierra, poderia ter preenchido o vazio deixado por Úrsula Corberó, mesmo que a inesquecível assaltante com nome de cidade japonesa tenha estado presente narrando, do além, os eventos que se seguiram à sua morte. Sendo assim, quem diria que Sierra e O Professor (Álvaro Morte) teriam dado tão certo, porque vê-los em ação foi não apenas épico, como também muito divertido – uma ex-policial, um ladrão profissional e um bebê fazendo as maiores peripécias imagináveis e inimagináveis foi impagável de se testemunhar!

De forma espetacular e única, Sierra conseguiu se redimir com o público que, desde que a gangue invadiu o Banco da Espanha, a odiava, especialmente quando pensamos que ela havia matado Nairóbi no final da terceira temporada. Ironicamente, no entanto, ela passou de vilã a heroína, mais ou menos como sua personagem em outro grande sucesso da TV espanhola, Vis a Vis, e fez tudo isso sem perder seu jeitinho “encantador”… E é claro que essa “virada de casaca” se deveu, obviamente, pelo charme irresistível do Professor, e assistimos à Sierra pagar a língua depois de tudo o que disse para Raquel (ou Lisboa, Itziar Ituño) quando a teve nas mãos…

O charme do Professor

O charme do Professor aliás, é outro detalhe que voltou com tudo nessa última temporada, que mostrou mais dele do que as três últimas partes da série juntas. E nisso Pina acertou em cheio já que ele era a última das três urdiduras de La Casa de Papel, sendo as duas outras Tóquio e Nairóbi. Desafio qualquer a um a fazer uma escolha de grupos quando temos de um lado o líder dos assaltantes mais famosos do mundo e do outro, o coronel Tamayo (Fernando Cayo) e seus militares.

Mesmo que de forma torta, o Professor encanta por sua inteligência, carisma e liderança e, portanto, trazê-lo novamente para o centro de tudo foi a melhor coisa que o showrunner poderia ter feito nessa última parte da série.

A humilhação de Tamayo

Além disso, vê-lo humilhando Tamayo uma vez após a outra foi simplesmente sensacional! Não sei como o coronel gordinho não teve um ataque cardíaco a cada momento (e eles foram muitos) em que o Professor provou ser mais astuto do que ele.

Nesse final de temporada foi que ficou mais clara a diferença abissal que existe entre os dois líderes. O Professor era seguido não só porque era o mestre, mas porque era amado por seus “asseclas”, e isso é singular. Tamayo só era obedecido por sua patente e qualquer outro poderia substituí-lo a qualquer momento, inclusive nosso querido Ursinho Pooh, Ángel (Fernando Soto).

O Professor e Lisboa

Outro detalhe que fez dessa última parte de La Casa de Papel muito melhor foi a volta dos diálogos entre o Professor e sua amada Raquel (Lisboa), coisa que fez muita falta desde o final da segunda temporada. Vê-los entrando em conflito novamente mostrou porque o casal deu tão certo e trouxe de volta essa química que também foi um dos temperos que fez da série o sucesso que é.

Palermo contido e o reencontro de Denver e Estocolmo

Quanto aos outros membros da gangue, um que chamou a atenção e teve grande destaque desde que fez sua estreia – talvez por ter sido um tipo de substituto para Berlín (Pedro Alonso) -, foi Palermo (Rodrigo De la Serna). Particularmente, eu o considerava insuportável, mas dessa vez, para minha surpresa, ele está mais contido… Finalmente (e é uma pena que tenha sido tão tarde), De la Serna encontrou o ponto perfeito para seu personagem e acabou se redimindo, pelo menos para mim.

Denver (Jaime Lorente) e Estocolmo, tão importantes na fase de ouro da série, estavam apagadinhos nas últimas duas temporadas, mas tiveram tempo nestes últimos cinco episódios para se reencontrarem e foram responsáveis por algumas das excelente cenas a que tivemos direito… Esther Acebo, a Estocolmo, se tornou agora memorável depois daquele streap tease…

A reviravolta do roubo

E fora isso, outro ponto incrível dessa parte da produção foi a excelente reviravolta que finalmente mostrou a que vieram Rafael (Patrick Criado), o filho de Berlín, e Tatiana (Diana Gómez) que, na parte anterior, serviram somente para, como já dito, “encher linguiça” e gastar tempo. Dessa vez, cada momento em que apareceram teve um propósito maior.

O final

Por tudo isso é que ficou claro que por uma epifania muito bem-vinda de Álex Pina, pudemos testemunhar um final mais do que satisfatório para um dos grandes sucessos mundiais da televisão. Podia sim ter terminado na segunda temporada, mas fez mais do que bonito para o público que já não estava esperando grande coisa.

E sendo assim, eis que mais uma vez estamos órfãos… Órfãos de personagens que invadiram não somente a Casa da Moeda e o Banco da Espanha, mas também, nossos corações. O adeus agora é definitivo e só nos resta responder da mesma forma que a música que se tornou símbolo da série: Bella Ciao.

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La Casa de Papel Parte 5, Volume 2 Poster

País: Espanha

Idioma: Espanhol

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