Crítica de série

Dark – 3ª temporada | O começo é o fim e fim é o começo

Publicado 4 anos atrás

Alerta de spoiler!

O começo é o fim e o fim é o começo na terceira e última temporada de Dark, atualmente a melhor série do catálogo da Netflix, sem qualquer sombra de dúvida. Há muito tempo que uma série – e principalmente uma que faz sucesso – não decepciona no final (como a excelente Breaking Bad), mas Dark se mostrou firme e forte e concluiu sua trama com chave de ouro.

dark martha

Não tenho aqui qualquer pretensão de explicar o complexo seriado dos criadores Baran bo OdarJantje Friese, mas não poderia deixar de me pronunciar sobre ela nesse momento em que está “bombando” (mesmo que seja em poucas palavras!) portanto, me limitarei aqui a tratar sobre o motivo de a produção ter cativado e conquistado tantos fãs ao redor do mundo (pelo menos na minha concepção!) e, quem sabe, em outro momento produza algo mais elaborado. Por enquanto, ficamos assim.

Posto isso, sigamos em frente!

A temática de Dark, inspirada na manipulação do tempo/espaço não é original. São inúmeras as produções que tratam do assunto, mas nenhuma da forma como tratou essa obra alemã em suas três temporadas. Eis uma trama em que seria fácil se perder, dada a complexidade e obscuridade do tema que elegeu – suficiente para explodir a cabeça de qualquer um -, mas Odar e Friese sabiam o que estavam fazendo e entregaram um final (quase) redondo, com (quase) nenhuma ponta solta.

dark triquetra

E assim, na terceira temporada, Dark continuou sendo Dark, ou quem sabe, mais Dark ainda. Como se não bastassem as idas e vindas na linha temporal – com as quais custamos a nos acostumar (e entender!) -, a árvore genealógica truncada dos personagens se tornou ainda mais complicada, formando um verdadeiro Nó (ponto central dessa temporada) e, mais ainda, foi inserida a realidade paralela, a realidade sobreposta e mais simbologia.

Para citar apenas alguns exemplos, agora além da triquetra, que já conhecíamos, há também o caduceu (prestaram atenção na porta do buraco de minhoca?) e, além do apocalipse (livro final da Bíblia) houve a inserção de outra das mais famosas histórias do texto religioso cristão – Gênesis (Origem, primeiro livro da Bíblia) com Adão (Adam) e Eva. O começo é o fim e o fim é o começo.

dark adão e eva

Mesmo assim, toda essa complexidade – que se manteve inabalável e constante nessa jornada final – foi apresentada da forma genial de sempre, com pequenos detalhes e foreshadowings sutis que nos permitiram acompanhar os protagonistas em suas viagens no tempo e transições entre mundos. E não obstante, o seriado conservou seus suspenses até o momento certo de serem revelados – nem antes, nem depois.

Uma beleza de história que manteve a qualidade até mesmo no aspecto técnico. Foram três temporadas engenhosas de uma série que parecia ser de terror, mas não era. Contudo, o clima sombrio da cidade de Winden e a trilha sonora lúgubre, além do tom cinza-esverdeado-azulado da fotografia (um dos pontos fortes do seriado) contribuíram em muito para o argumento a que Dark se propôs – fato totalmente comprovado nessa parte derradeira.

dark floresta

Fora isso, a sujeira constante na pele dos personagens, os litros de lágrimas derramados, todas as tragédias e loopings (acontecimentos se repetindo de novo e de novo) e até mesmo os paradoxos, todos esses elementos contribuíram para fazer de Dark uma obra de notável unicidade.

E é impossível não destacar também o casting da série e a capacidade inigualável de escolher pessoas parecidas para interpretar os personagens em suas várias versões – crianças, adolescentes, adultos, velhos -, a semelhança é inacreditável.

Infelizmente, mas ainda bem que a série alemã terminou por aqui. Mais uma temporada e é quase certeza que tudo se estregaria. Melhor acabar no auge do sucesso do que se perder na ganância. No que pecou nesse final, Dark não se comprometeu e, assim, entra para a memória do público como uma daquelas histórias atemporais. As discussões sobre ela podem se tornar intermináveis. Porque o começo é o fim e o fim é o começo.

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dark poster

60 min min

País: Alemanha | EUA

Elenco: Louis Hofmann, Karoline Eichhorn, Jördis Triebel

Idioma: Alemão

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