Depois de um tempo afastada da TV e do sucesso de Predadores Assassinos (Crawl – 2019), Kaya Scodelario está de volta em Spin Out (Spin Out) – nova série da Netflix -, mais uma vez interpretando uma atleta. Dessa vez, ela é Kat, uma talentosa patinadora artística que está passando por um momento difícil depois de quase perder a vida ao escorregar no gelo e bater forte com a cabeça.
Com apenas 10 episódios, o seriado faz bonito não só em alternar a vida de seus personagens dentro e fora do rinque, como também encanta pela fotografia da pequena cidade turística da história e pelas próprias cenas de patinação artística, sem dúvida um dos esportes mais bonitos de se ver.
Mas não é só isso. A criadora Samantha Stratton conseguiu realizar um roteiro muito interessante, misturando vários temas relevantes dentro do principal. Entre eles estão o relacionamento complicado entre pais e filhos, a homossexualidade, a pedofilia, a inveja entre outros. E o elenco competente ajuda muito na tarefa.
Mas a essência mesmo da história está mesmo em Kat. Atleta profissional de 21 anos, como já dito, ela tem que conviver com a bipolaridade, um problema sério herdado de sua mãe, Carol (January Jones). Os efeitos colaterais do lítio – medicamento que ela tem que tomar para evitar a mania característica da doença – somado com o trauma pela queda que quase a matou, a convivência com mãe – que também é bipolar – e a preocupação com a irmã mais nova, Serena (Willow Shields) – uma patinadora talvez melhor que ela -, fazem a garota entrar na pior fase de sua vida e é o ponto de partida da trama. No entanto, sem esforço, Kat imediatamente conquista a empatia do público.
E como se tudo isso não bastasse, a agarota ainda tem que decidir entre dois pretendentes: o esforçado Marcus (Mitchell Edwards), que não consegue decidir se volta à faculdade de Medicina ou começa uma promissora carreira de esquiador; e o também patinador Justin (Evan Roderick), filho mimado do homem mais abastado da cidade, que transita na corda bamba entre ser um bom garoto ou só mais um riquinho ridículo.
Para resumir, Spin Out é uma história sobre paixão pelo esporte e de como é difícil saber julgar os atletas, não pelo talento (isso é muito fácil e óbvio), mas pela pessoa e por sua trajetória. Até que ponto vale a pena insistir na competição e quando é melhor parar ou esperar? Quanto um treinador deve investir em seu pupilo? Qual é o limite de intimidade entre eles? Quanto se pode deixar a vida particular interferir na profissional?
Talvez Spin Out não tenha as respostas para essas perguntas, mas sem dúvida é uma tentativa sensível e muito bonita de tentar encontrá-las.