Quando a primeira temporada de O Alienista: Angel of Darkness (The Alienist: Angel of Darkness, que em tradução livre significa anjo das trevas ou anjo da escuridão) foi lançada em 2018, fui assistir sem qualquer pretensão inicial e acabei me apaixonando pela série – descobri que muito mais do que uma simples obra de investigação policial, o maior e o melhor mistério da história eram justamente os personagens.
Assim, na primeira parte, o seriado foi protagonizado principalmente por Daniel Brühl -, que interpreta Laszlo Kreizler, o alienista do título – ao lado do Luke Evans que atua como o jornalista e ilustrador John Moore, e da Dakota Fanning que interpreta Sara Howard, e eles conduzem uma investigação paralela à da polícia num caso de uma série de assassinatos de meninos prostitutos no submundo de Nova York. Mesmo assim, apesar de ser protagonizada por um homem, ficou clara também a pegada mais feminista do enredo, faceta que foi conduzida brilhantemente pela Dakota Fanning.
Agora, na segunda temporada, que continua baseada na obra literária de Caleb Carr, essa pegada feminista aumenta ainda mais, fato que faz total sentido na medida que a Sara evolui e o tempo também passa. Afinal, estamos falando do final do século XIX e início do século XX, época em que as mulheres começaram a se impor contra o sistema de patriarcado baseado na ideologia de gênero. Então, quando a Dakota assume o papel de protagonista da série, percebe-se essa faceta da história sendo ilustrada de forma muito bonita pela série.
Mas fazendo uma recapitulação rápida do enredo da segunda temporada, dessa vez, a gente acompanha o trio de amigos investigando uma série muito bizarra de sequestro de bebês que depois de sequestrados apareciam mortos e com os olhos pintados, só que agora o Lazlo, a Sara e o John tão muito mais independentes porque a Sara abriu um escritório de investigação particular que tava começando a se tornar bastante respeitado na cidade.
Eu confesso que gostei mais ainda dessa segunda parte do que da primeira, principalmente porque a gente conhece muito mais da vilã da história do que a gente conheceu do vilão da primeira temporada, sendo que a interpretação da atriz que faz essa vilã e que eu não vou contar quem é pra não dar spoiler e estragar a experiência de vocês, é simplesmente brilhante. A dos protagonistas também continua impecável!
Além disso, O Alienista segue bastante sombria e mostrando aquele submundo da Nova York de final de século XIX, como eu já comentei, o que deixa a gente, que tá assistindo, bastante enojado, mas ao mesmo tempo muito intrigado e eu chamo atenção especial pro figurino, que é muito deslumbrante. Inclusive não é à toa que, nas palavras da própria Sara, pra ser investigadora e combater o crime, não é preciso usar calças. Claro que ela própria é uma das mulheres mais elegantes das cidade.
Fora isso, nessa segunda temporada também foi dado um destaque maior ao romance da Sara com o John com o objetivo claro de desenvolver um outro lado dela que não o da profissional focada e eficiente que ela é. Quem assistiu à primeira parte sabe que o John sempre foi apaixonado por ela, mas ela nunca pareceu corresponder. Agora a gente descobre que não era bem assim. E eu achei que mostrar isso foi uma sacada muito genial, especialmente porque a gente vê um triângulo amoroso se formando depois que o John começou a se relacionar com uma moça da alta sociedade nova iorquina que começa a competir sozinha contra a Sara, porque a Sara não dá a mínima pra ela.
Então, por tudo isso que eu acabei de falar, fica óbvio que o Lazlo foi deixado bem de lado em favor dos dois amigos dele, embora ele continue o mesmo obcecado de sempre e interessado principalmente na mente das crianças. Mas pra não desmerecer tanto o nosso Alienista que, afinal, deu nome à série, os criadores até arranjaram uma versão feminina dele pra ele se encantar, que é a doutora Karen Straton, interpretada pela Lara Pulver.
Mas independente de tudo, o que sempre me encantou mais desde o começo do seriado, foi como a série consegue chamar atenção para os próprios personagens tanto quanto ou até mais do que a própria investigação, que é o motor da história, o que faz da obra uma mistura de psicologia e drama policial investigativo que ficou, em resumo, linda.
Em conclusão, O Alienista é daqueles seriados que transcende a própria proposta, entregando algo a mais do que inicialmente propõe, cheio de artimanhas mirabolantes e especiais. E esse algo a mais sabe tocar o público.
Uma resposta
Estou adorando as séries; só lembrando que existe uma língua falada e uma língua escrita, e que as duas não devem ser confundidas…