Sabe aquela série que tem a incrível capacidade de explodir a cabeça e deixar na mente um zilhão de perguntas? Existem algumas por aí, mas a mais nova é The One (2021), da Netflix, o serviço de streaming vermelhinho que parece estar em sua melhor fase desde o lançamento. Conferir a série é quase o mesmo que voltar à Grécia antiga, a época em que os filósofos mais procuravam respostas, mas só descobriam mais perguntas. No entanto, aqui estamos, a milhares de anos dessas figuras, não muito mais perto de encontrarmos essas respostas e com muito mais perguntas.
Baseado no livro homônimo de John Marrs, essa é história de dois cientistas pesquisadores de DNA que ajudam a descobrir uma maneira de encontrar o par perfeito e criam um novo serviço ousado de encontros que joga o Tinder e todos os outros aplicativos de relacionamento na Idade das Pedras – muito antes, portanto, daqueles famosos gregos pensantes.
Sendo assim, aposto que o próprio Sócrates iria pirar no The One e na promessa revolucionária que Rebecca Webb (Hannah Ware) e James Whiting (Dimitri Leonidas) fizeram à sociedade humana: encontrar sua alma gêmea, a pessoa por quem você está geneticamente “destinado” a se apaixonar e vice-versa. E “apaixonar” é a palavra certa, porque o que está em jogo não tem nada a ver com amor, mas sim com hormônios. Dessa forma, o que o serviço oferece é basicamente a a fórmula daquela famosa “química” que tanto nos atrai nos casais de filmes e televisão, mas que é coisa rara no mundo real. Imagine se pudesse acontecer com todos nós!
Porém, à medida que a série se desenvolve mostrando essa oportunidade inusitada e utópica, é que a “febre de Sócrates” ataca num processo chamado dialética, e aquelas zilhões de perguntas começam a turbilhonar na mente do espectador. O que o The One oferece seria real? A sociedade estaria preparada para isso? Você arriscaria tudo por uma grande paixão? Acabaria com um casamento de anos pela curiosidade de ser combinado com seu “verdadeiro” match? As implicações da introdução de um serviço desse tipo em nossa coletividade seriam inúmeras e as consequências, incalculáveis. Sócrates piraria.
E além disso Hannah Ware está incrível na pele da magnata Rebecca Web. Inescrupulosa e sedenta de poder, essa é o gênio que deixaria aquele filósofo mais maluco do que ele já era.
Sendo assim, roda a força de The One está justamente no questionamento moral, ético e sociológico dessa realidade hipotética que poderia estar a meio passo de realmente acontecer, porque nos outros quesitos, a produção até que é bem simples. Nada de super-efeitos especiais e figurinos fantásticos, ou seja, nenhuma ostentação ou pretensão que não seja a pura manipulação intelectual e mental.
Simplesmente fantástica e intrigante, o bom dessa série é que ela mostra como esses mesmos questionamentos podem ser bem melhores do que as próprias respostas que poderíamos encontrar para eles. Na primeira temporada, The One não responde nada, só pergunta, pergunta e pergunta. Espero que continue assim.
Respostas de 4
Vou colocar na lista,o trailer pareceu muito um episódio de Black Mirror,o que não é ruim.
😂😂😂
Gostei muito dessa série. Tomara q tenhamos respostas na próxima temporada! Excelente sua crítica!
Doida pela próxima temporada!!!