Em comemoração ao Dia do Cinema Nacional, separamos uma lista, por década, de ótimos filmes brasileiros.
Brasa Dormida (1928), de Humberto Mauro.
Humberto Mauro é considerado o pai do Cinema Brasileiro e possui uma vasta produção cinematográfica. Brasa Dormida é um filme silencioso e um dos clássicos desse cineasta. Seus filmes influenciaram a geração do Cinema Novo, considerado por muitos um dos pontos mais altos do cinema nacional. Apesar de ter um ritmo mais lento, vale a pena assistir.
Limite (1931), de Mario Peixoto
Segundo a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE), Limite é considerado o melhor filmes brasileiro de todos os tempos e foi o único longa-metragem de Mario Peixoto. O filme é silencioso e é uma experimentação modernista. Peixoto usa de uma trilha-sonora bastante imersiva e planos altamente estéticos.
O Ébrio (1946), de Gilda de Abreu
O Ébrio é um dos primeiros filmes brasileiros dirigidos por uma mulher, Gilda de Abreu, e narra a história de Gilberto, um estudante de Medicina rico do interior do país, cujo o pai perdeu a fazenda, deixando-o na miséria. O protagonista é interpretado por Vicente Celestino, um grande músico da época e o filme é inspirado em uma canção dele. O Ébrio é um dos maiores sucessos da história do cinema brasileiro, tendo sido visto por, aproximadamente, 5 a 8 milhões de espectadores nos 4 anos em que esteve em exibição.
Rio Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos.
Nelson Pereira dos Santos é, sem sombra de dúvidas, um dos cineastas mais importantes da história do Cinema Nacional. Sua filmografia conta com diversas obras, com temáticas e gêneros diferentes. Foi um cineasta tão versátil, que já fez comédia, drama e ficção científica. Rio Zona Norte é um melodrama sobre a vida de Espírito da Luz, um sambista, interpretado por Grande Otelo, um dos atores mais importantes do Cinema Brasileiro.
Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha.
Para muitos, Glauber Rocha é o maior cineasta de todos os tempos, o que não é pouco, devido a sua importância histórica. Em seu manifesto Eztetyka da Fome, Rocha escreveu as bases estéticas do Cinema Novo, na qual transformava a fome do Terceiro Mundo em imagens e sons. Terra em Transe é lançado após o Golpe Militar de 1964 e narra a história de um poeta em um país fictício da América, Eldorado. O filme é uma experimentação visual e sonora muito rica e é, sem dúvidas, um dos marcos do cinema nacional. E mesmo sendo de 1967, ainda é muito atual.
Alma no Olho (1973), de Zózimo Bulbul
Alma no Olho é o único curta-metragem dessa lista de filmes e pode ser visto aqui. O diretor é Zózimo Bulbul, que já havia atuado em vários outros filmes, como Terra em Transe e Cinco Vezes Favela (1962), e é um dos grandes representantes do cinema negro brasileiro. Alma no Olho é uma metáfora sobre a escravidão e a busca da liberdade através da transformação interna do ser.
Cabra Marcado Para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho.
Eduardo Coutinho é, sem sombras de dúvidas, um dos documentaristas mais importantes do Cinema Brasileiro. Cabra Marcado Para Morrer era pensando, inicialmente, como uma ficção sobre João Pedro Teixeira, um importante líder das Ligas Camponesas, que foi assassinado em 1962, por dois policiais. Entretanto, devido ao Golpe Militar de 1964, as filmagens foram paralisadas pelo exército em 1964. Então, 20 anos depois, Eduardo Coutinho, após o relaxamento do regime, resolve procurar as pessoas que participaram das primeiras gravações e tentar entender o que aconteceu com elas. Cabra Marcado Para Morrer é um dos documentários mais importantes da história do cinema mundial, já que a abordagem humanista de Coutinho é uma das inovações do gênero.
Terra Estrangeira (1995), de Daniela Thomas e Walter Salles
Terra Estrangeira, de Daniela Thomas e Walter Salles, conta com uma fotografia belíssima de Walter Carvalho, é sobre a solidão vivida pelos imigrantes e é um dos representantes do Cinema da Retomada. Essa época é considerada praticamente um renascimento do cinema nacional, pois a produção havia caído drasticamente, após a extinção da Embrafilme por Fernando Collor em 1990. Essa época é bastante fértil de possui vários exemplos conhecidos, como Carlota Joaquina – Princesa do Brasil (1995), Baile Perfumado (1996), Central do Brasil (1998), O Auto da Compadecida (2000) e Cidade de Deus (2002).
A Falta que Me Faz (2009), de Marília Rocha
A Falta que Me Faz é um filme sobre a passagem da adolescência para a vida adulta de mulheres do interior de Minas Gerais. A direção de Marília Rocha flerta bastante com a Videoarte Mineira. Possui um olhar sensível e contemplativo das vivências dessas mulheres. Assim, o longa possui um ritmo mais lento, porém possui planos altamente estéticos. O filme é um retrato bastante complexo sobre a vida dessas jovens, contando sobre seus sonhos e suas desilusões.
Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Kleber Mendonça Filho é um dos nomes mais importantes do cinema contemporâneo brasileiro. Seus longas, O Som ao Redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019), tiveram um ótimo alcance, tanto em território nacional, quanto internacional. Seu último longa, codirigido por Juliano Dornelles, Bacurau ganhou o Prêmio da Crítica no Festival de Cannes em 2019. O longa narra a resistência da cidade de Bacurau, no interior de Pernambuco, contra uma invasão estrangeira. O filme é um misto de gêneros, indo de western, suspense, ação e até ficção científica.
Até o Fim (2020), de Ary Rosa e Glenda Nicácio
Por fim, Até o Fim de Ary Rosa e Glenda Nicácio, cineastas de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. A dupla, também, dirigiu os ótimos Café com Canela (2017) e Ilha (2018). A sessão de estreia de Até o Fim, na Mostra de Cinema de Tiradentes de 2020, foi marcada por 8 minutos de aplausos em pé da plateia. O filme está disponível até o dia 2 de julho no canal da produtora Rosza Filmes. O filme possui uma linguagem bastante ousada, com uma montagem frenética e atuações impressionantes. A narrativa gira em torno da relação entre irmã que não se viam a muito tempo e, também, sobre a presença do pai na vida dessas mulheres.