Amy Adams e Glenn Close vão estrelar Era Uma Vez Um Sonho (Hillbilly Elegy), o novo filme de Ron Howard, que estreia amanhã (24) no catálogo Netflix. Porém o filme, antes um grande candidato para para concorrer ao Oscar, agora vê suas chances bastante diminuídas. É o que diz o The Hollywood Reporter (THR) em matéria publicada hoje (23).
O motivo alegado foi a evasão de substância política do longa, que é baseado no livro de memórias do escritor conservador JD Vance, lançado em 2016. Na época, Vance estava na mídia ajudando a explicar a popularidade de Trump entre os eleitores brancos pobres para o resto do eleitorado. Seu livro então, virou best-seller. Ao contrário da obra literária, porém, o filme foca somente no drama familiar da história, deixando o conteúdo político bastante sutil.
“Ao remover o conteúdo político mais amplo do filme” – diz a matéria -, “Howard estava tornando o Era Uma Vez Um Sonho mais fácil de comercializar, pelo menos dentro de Hollywood.”
A sócia da WME, Anna DeRoy, que representa Vance, argumenta que:
“Se você vai fazer um drama para a família e vai escalar estrelas de cinema, você tem que fazer esse drama ser sobre os personagens.”
Assim, o “casamento político” entre um liberal de um lado (Howard) e um conservador do outro (Vance), soa no mínimo estranho, mas dele nasceu Era Uma Vez Um Sonho que está sendo criticado por sua falta de mensagem.
O THR também colocou em sua reportagem os comentários de alguns críticos. Veja abaixo:
- O crítico de cinema do Los Angeles Times , Justin Chang: o filme é “uma montagem estendida de um clipe do Oscar em busca de um propósito maior”.
- Alissa Wilkinson, da Vox , escreve que o filme é “distrativamente Hollywoodificado, a ideia de uma pessoa rica de como é ser uma pessoa pobre, uma tentativa surda de amenizar um tipo muito particular de culpa liberal.”
Ademais, Era Uma Vez Um Sonho foi muito comparado a Green Book: O Guia, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2019, o que levou Tony Angellotti, estrategista do Oscar que dirigiu a campanha desse filme para a Universal, a comentar que “se um filme tem um impacto emocional sobre o público, ele não gosta que os especialistas das redes sociais digam que o que eles sentem é errado”. Ele lembra também que a resposta daqueles que apoiaram Green Book foi: “Não me importo com o que eles estão dizendo, adoro esse filme.”
Porém, contrariando as expectativas pessimistas, o Cinema 10 de Middletown, Ohio, cidade siderúrgica onde aconteceu a premiere de Era Uma Vez Um Sonho, esgotou várias sessões em uma noite de terça-feira em meados de novembro, mesmo operando na capacidade de 20 por cento exigida pela lei de Ohio durante a pandemia.
Assim, tudo isso só prova que o verdadeiro público do filme pode ser difícil de definir, já que a Netflix não permite que sua receita seja publicada e a plataforma de streaming só vai compartilhar dados sobre a produção se ela for um sucesso.
No final, tudo o que aqueles que despojaram Era Uma Vez Um Sonho de sua mensagem política conseguiram fazer foi sofrer com os críticos e desagradar o público.
Confira a matéria original aqui.