O diretor Francis Ford Coppola realizou uma roda de conversa com o público em São Paulo na última segunda-feira (28) para divulgar seu mais novo filme, o aguardado Megalópolis. O evento foi organizado pela O2 Play, responsável pela distribuição do longa no Brasil, e também por Priscila, último lançamento da filha de Coppola, Sofia Coppola.
A abertura feita pelo diretor da O2 Play, Igor Kupstas, que relembrou a rápida negociação para a distribuição do filme e a vinda de Coppola ao Brasil. O processo durou pouco mais de dois meses e contou com o auxílio de patrocinadores. Pouco depois, Kupstas apresentou a mediadora do bate-papo, a jornalista e crítica de cinema Isabela Boscov.
Coppola, que completou 85 anos em abril, parecia um jovem turista animado. Vestido com uma camisa azul chamativa, passou pouco mais de uma hora e meia respondendo perguntas de fãs e jornalistas entusiasmados com sua visita. O diretor, conhecido por obras marcantes como a trilogia O Poderoso Chefão, Apocalipse Now e Drácula de Bram Stoker, brincou: “Todos aqui presentes são meus primos.”
Entre as histórias, Coppola relembrou o período em que o diretor Glauber Rocha, exilado durante a ditadura militar no Brasil, esteve em sua casa e chorou de saudades do Brasil, temendo não conseguir retornar ao país. O cineasta também revelou que parte de sua inspiração para o novo longa veio da cidade de Curitiba e das ideias do ex-prefeito e ex-governador do Paraná, Jaime Lerner. A visita à cidade ocorreu em 2003, em uma série de viagens a locais que poderiam servir como modelo para a utopia representada em Megalópolis.
O diretor contou ainda que, revoltado pela recusa dos estúdios em apoiar a adaptação que se tornaria o filme Apocalypse Now — mesmo após ter recebido diversos Oscars e faturado com O Poderoso Chefão —, chegou a arremessar pela janela seus troféus da maior premiação do Cinema, que mais tarde foram consertados por sua mãe. “Qual é o objetivo de fazer isso se eu não posso fazer o filme? Vocês sabem quem é dono de Apocalypse Now? Eu. Sabem por quê? Porque ninguém queria fazê-lo.” Ele finalizou comentando sobre a importância de os artistas correrem riscos e o legado dos filmes, que são vistos por pessoas décadas depois.
Próximo ao fim do evento, Coppola desafiou a plateia a fazer perguntas mais difíceis e pediu que, se alguém já tivesse assistido a Megalópolis e não gostado, fosse ao microfone e desse sua opinião sobre o filme. Ninguém na vasta sala do Teatro B32 ousou criticar o novo lançamento do diretor, muito provavelmente porque o filme ainda não tinha sido exibido no país.
Coppola participará da cerimônia de encerramento da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo nesta quarta-feira (30), na Cinemateca Brasileira, onde será homenageado com o Prêmio Leon Cakoff. Megalópolis será exibido como o último filme do festival.
Com estreia programada para o dia 31 de outubro nos cinemas brasileiros, Megalópolis conta com Adam Driver, Aubrey Plaza, Giancarlo Esposito, Dustin Hoffman e Shia LaBeouf no elenco. Na trama, um arquiteto deseja reconstruir a cidade de Nova York como uma utopia após um desastre devastador.