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O Aprendiz: Filme sobre Trump revela como Roy Cohn criou um império na Nova York dos anos 70

05/10/2024 •
16:19

Para os amantes do cinema que se deleitam com as histórias da Nova York setentista e oitentista através das lentes de Martin Scorsese, Sidney Lumet e Francis Ford Coppola, prepare-se: O Aprendiz promete ser uma viagem fascinante a esse período crucial da história americana, mas dessa vez, contando a gênese de uma das figuras mais controversas do século XXI.

Ali Abbasi, diretor do aclamado Border (2018), mergulha nas profundezas de uma Nova York que mais parecia um campo de batalha urbano – a mesma cidade que serviu de palco para obras-primas como Taxi Driver (1976) e Os Guerreiros da Noite (1979). É neste caldeirão de caos e oportunidades que encontramos um jovem Donald Trump, interpretado por Sebastian Stan, ainda longe de ser o magnata que conhecemos hoje.

O mestre e o aprendiz: Uma dança macabra do poder

O coração da narrativa reside na relação entre Trump e Roy Cohn (Jeremy Strong), uma figura tão fascinante quanto perturbadora da história americana. Cohn, que ganhou notoriedade durante o período McCarthy, emerge como uma espécie de Mefistófeles de Manhattan – um mentor que não apenas guiou Trump pelos meandros do poder, mas também o moldou à sua própria imagem.

A escolha de Jeremy Strong para interpretar Cohn é particularmente interessante para os cinéfilos. O ator, conhecido por sua interpretação do tragicômico Kendall Roy em Succession, parece ser a escolha perfeita para retratar outro personagem que navega nas águas turvas do poder e da influência.

Uma época sem filtros Instagram

Um dos aspectos mais intrigantes da produção é sua abordagem realista da estética da época. Abbasi fez questão de manter a “imperfeição” característica dos anos 70 e 80, quando os padrões de beleza eram drasticamente diferentes dos atuais. Não há lugar para o glamour artificial contemporâneo – vemos os personagens com dentes tortos, pele irregular e toda a “gloriosa imperfeição” da época.

Esta decisão estética nos remete a clássicos como Serpico (1973) ou Rede de Intrigas (1976), onde a sujeira e o suor da cidade eram tão personagens quanto os protagonistas. A fotografia do filme, que emula os programas de TV da época, serve como uma máquina do tempo visual, transportando o espectador para um período em que a cidade era tão crua quanto seus habitantes.

A torre que tocou o céu

O ponto culminante da narrativa – a construção da Trump Tower – serve como uma metáfora perfeita para a transformação não apenas de Trump, mas da própria cidade. Enquanto Nova York lutava contra sua decadência, um jovem empresário erguia um monumento ao excesso e à ostentação que definiria as décadas seguintes.

É impossível não traçar paralelos com outros filmes que retrataram a ascensão ao poder na Big Apple, como Era Uma Vez na América (1984) de Sergio Leone. Porém, enquanto esses clássicos frequentemente retratavam gângsteres e criminosos, O Aprendiz nos mostra como o poder pode ser conquistado através de conexões, manipulação da mídia e do sistema judicial.

Um Espelho retrovisor para o presente

O Aprendiz se apresenta não apenas como um biopic convencional, mas como um estudo fascinante sobre como uma época específica pode moldar um indivíduo e, consequentemente, o futuro de uma nação. Para os amantes do cinema que apreciam as camadas mais profundas de uma narrativa, o filme promete ser uma experiência rica em paralelos históricos e reflexões sobre poder, ambição e o preço do sucesso.

A estreia em 17 de outubro nos cinemas brasileiros, com distribuição da Diamond Films, marca não apenas mais um lançamento importante no calendário cinematográfico, mas também uma oportunidade única de entender como o passado continua a ecoar em nosso presente. Para os cinéfilos que sempre se perguntaram como a Nova York decadente dos anos 70 se transformou na metrópole reluzente dos anos 90, O Aprendiz promete ser uma peça fundamental neste quebra-cabeça histórico.

Como diria Travis Bickle em Taxi Driver: “Algum dia uma chuva vai vir e vai limpar toda a sujeira das ruas.” O Aprendiz nos mostra que às vezes, a limpeza vem acompanhada de suas próprias contradições e consequências imprevistas.

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