Quem é fã de cinema sabe: o terror é um gênero ingrato. Mesmo quando um filme assusta direitinho, é comum sair da sala com críticas do tipo “era só susto fácil” ou “mais do mesmo”. A recepção do público costuma ser ainda mais dividida que uma sessão espírita mal feita. Mas aí veio Pecadores e fez o improvável: conquistou um A no CinemaScore, a nota mais alta já dada a um filme de terror original com classificação R (para maiores de 17 anos). E não, você não leu errado. Nem o demônio do “Exorcista” conseguiria prever isso.
Essa conquista é tão rara quanto encontrar um final feliz num filme do Ari Aster. Afinal, o CinemaScore mede a reação real do público na saída do cinema, e não costuma ser nada gentil com o gênero. Basta lembrar que O Exorcismo, com Russell Crowe, levou um humilhante D. Ou seja: o público saiu da sessão querendo exorcizar o próprio ingresso.
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Dirigido por Ryan Coogler, o mesmo responsável por Fruitvale Station, Creed e os dois Panteras Negras, Pecadores é o tipo de filme que chega de mansinho, mas logo te joga na cadeira com a força de um uppercut cinematográfico. E para tornar tudo ainda mais especial, ele reúne novamente Coogler com seu ator-fetiche, Michael B. Jordan, que já brilhou sob sua direção antes e agora parece ter sido feito sob medida para o terror visceral e intenso de Pecadores.
Segundo Emma Kiely, do Collider, Jordan está em seu melhor momento. Se ainda havia dúvidas de que ele era um astro de ação completo, Pecadores tira qualquer hesitação com a delicadeza de um ritual de sacrifício. Ela afirma: “Se os filmes Creed e Pantera Negra ainda não solidificaram Jordan como estrela de ação, Sinners com certeza o fará.”
É difícil colocar crítica e público na mesma sala sem que um jogue pipoca no outro. Mas Pecadores conseguiu esse feito, com 98% de aprovação dos críticos e 97% do público no Rotten Tomatoes. Traduzindo: é quase um consenso messiânico.
E olha que o currículo de Coogler já é digno de altar: todos os seus filmes anteriores ficaram na casa dos 90% no Rotten Tomatoes — com exceção de Wakanda Forever, que mesmo assim cravou respeitáveis 84%. Agora, Pecadores é o filme mais bem avaliado de toda a carreira do diretor.
Se a indústria de Hollywood fosse Hogwarts, Coogler já teria uma sala com seu nome e um retrato falante na parede do Hall da Fama.
Outra surpresa? O filme já está superando as projeções de estreia e caminha com passo firme para arrecadar cerca de US$ 50 milhões no primeiro final de semana. Para você ter uma ideia da grandiosidade desse feito: é uma estreia mais forte do que a de The Black Phone, A Quiet Place: Day One, Speak No Evil, Scream e Scream VI — todos esses com notas inferiores no CinemaScore.
Até mesmo sucessos como Um Lugar Silencioso: Parte II e Five Nights at Freddy’s, que lucraram alto, tiveram “apenas” um A-. E, no mundo do CinemaScore, esse “menos” faz diferença — principalmente para investidores e executivos que medem cada centavo em lágrimas e gritos.
Se tudo continuar nesse ritmo, Pecadores tem tudo para se tornar um novo clássico do gênero. Não estamos falando de um terror com roteiro capenga que se apoia em sustos aleatórios. Estamos falando de um filme que une excelência técnica, direção segura, atuação de peso e uma história que prende — e que ainda consegue agradar tanto a crítica quanto o público, uma espécie de eclipse cinematográfico.
Coogler provou que não está preso a um único gênero. Depois de emocionar com Fruitvale Station, dar socos certeiros com Creed e levar representatividade para o mainstream com Pantera Negra, ele agora domina o terror com a mesma confiança com que um padre segura um crucifixo em casa mal-assombrada.
Se você ama cinema e já estava reclamando da falta de boas estreias no gênero, pare agora mesmo de resmungar. Pecadores não só eleva o nível do terror atual, como também prova que existe espaço para originalidade e qualidade mesmo em um mercado saturado de sequências e sustos reciclados.
A nota A no CinemaScore é um reflexo da experiência intensa, envolvente e surpreendente que o filme oferece. É a prova de que, quando há talento de verdade por trás das câmeras, o terror pode — sim! — ser inteligente, emocionante e arrebatador.
Então não perca tempo: vá ao cinema, sinta o medo e participe desse momento histórico. Porque, neste caso, o verdadeiro pecado seria deixar passar.