O universo de Duna, criado por Frank Herbert, sempre foi um terreno fértil para histórias que transcendem o comum. Agora, com Duna: A Profecia, a HBO mergulha nas profundezas deste universo para explorar uma faceta até então pouco iluminada: a origem da misteriosa Irmandade Bene Gesserit, apresentando uma narrativa que promete ser tão intrincada quanto as próprias maquinações políticas que permeiam o universo duniano.
Assim como as especiarias de Arrakis se entrelaçam com o destino do império, a série tece uma trama complexa que gira em torno de três pilares fundamentais: a Irmandade, a Casa Corrino e a Casa Harkonnen. É uma dança política em que cada movimento é calculado com a precisão de um mentat.
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A Irmandade emerge como o coração pulsante da narrativa, com Valya Harkonnen no centro dessa teia de poder. Interpretada por Emily Watson na maturidade e Jessica Barden na juventude, Valya personifica a transformação de uma nobre decadente em uma força motriz da ordem. É fascinante observar como a série estabelece um paralelo entre a ambição pessoal e a construção de uma instituição que moldará o futuro da humanidade.
O poder feminino se manifesta em diferentes matizes através de personagens como a Reverenda Madre Tula Harkonnen (Olivia Williams) e a intrigante Irmã Franchesca (Tabu). Cada uma carrega seus próprios segredos e agenda, como grãos de areia que, juntos, formam uma duna de conspirações e revelações.
A Casa Corrino, representada pelo Imperador Javicco (Mark Strong), apresenta um retrato fascinante do poder imperial em seus primórdios. É particularmente interessante como a série explora as tensões familiares através da Princesa Ynez (Sarah-Sofie Boussnina) e do filho ilegítimo Constantine (Josh Heuston) – uma dinâmica que ecoa as complexas relações familiares que mais tarde veremos em Duna.
A Casa Harkonnen, longe da vilania cartunesca que conhecemos nos livros originais, é retratada em um momento de transição. Harrow Harkonnen (Edward Davis) e seu tio Evgeny (Mark Addy) representam uma nobreza em declínio, lutando para recuperar sua relevância – um prelúdio fascinante para o que esta casa se tornaria no futuro.
A inclusão de personagens como Mikaela (Shalom Brune-Franklin), uma Fremen, e Desmond Hart (Travis Fimmel), um soldado misterioso, adiciona camadas de complexidade à narrativa, expandindo o escopo da história para além das intrigas palacianas.
Mas talvez o elemento mais intrigante seja a presença de um Atreides, Keiran (Chris Mason), como Mestre da Espada Real. Sua posição como guardião contra a corrupção da corte estabelece uma interessante ponte com o futuro papel que sua casa desempenhará no universo de Duna.
Duna: A Profecia se apresenta como uma aula de world-building televisivo, expandindo o universo de Herbert de forma orgânica e respeitosa. Como um prelúdio para a saga que conhecemos, a série promete iluminar os cantos obscuros da história, revelando como as sementes do futuro foram plantadas muito antes de Paul Atreides pisar nas areias de Arrakis.
Para os fãs da franquia, cada novo episódio é como descobrir uma nova camada de significado em uma história que pensávamos conhecer tão bem. Para os novatos, é um ponto de entrada perfeito para um dos universos mais ricos da ficção científica. Em ambos os casos, Duna: A Profecia promete ser uma jornada tão envolvente quanto as dunas de Arrakis são profundas.