Principal premiação do cinema independente, o Spirit Awards será realizado em 8 de dezembro
Maior premiação do cinema independente e considerado um importante termômetro para o Oscar, o Film Independent Spirit Awards anunciou ontem (21) a sua lista de indicados.
Dentre as indicações, destacam-se três, confira!
O Farol

Dirigido por Robert Eggers, do aclamado A Bruxa, e protagonizado por Willem Dafoe e Robert Pattinson, O Farol assume a liderança, recebendo cinco indicações ao Film Independent Spirit Awards: Diretor, Ator (Pattinson), Ator Coadjuvante (Dafoe), Fotografia e Montagem.
“Não poderíamos estar mais felizes com as indicações! A Bruxa ganhou dois prêmios há dois anos e voltar agora com o Robert e os atores vai ser muito especial. É um ano incrível para o cinema independente, e ter duas produções nossas, uma brasileira e outra americana, entre os melhores do ano, é realmente sensacional.”, diz Rodrigo Teixeira, que produziu o filme e que também tem outro longa, A Vida Invisível, dirigido por Karim Ainouz, entre os indicados.
Neste terror psicológico, dois homens são responsáveis por vigiar um farol marítimo numa remota e misteriosa ilha da Inglaterra nos anos 1890. Isolados de qualquer civilização, tendo apenas contato um com o outro durante longos períodos, eles começam a compartilhar suas angústias, medos, anseios e paixões.
As exibições em festivais internacionais têm arrancado elogios do público e da crítica especializada. Para o Hollywood Reporter,
“Eggers confirma sua reputação como um mestre do New England Gothic nesse segundo longa claustrofóbico”.
Já o Guardian afirmou que
“pouquíssimos filmes conseguem deixar você assustado e excitado ao mesmo tempo”.
O Farol, que teve sua estreia mundial na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2019, onde levou o prêmio de Melhor Filme da FIPRESCI – Federação Internacional de Críticos de Cinema e foi exibido em concorridas sessões durante a 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, estreia no circuito comercial brasileiro em 2 de janeiro de 2020.
Parasita
Depois de ser o grande vencedor do último Festival de Cannes, levando a Palma de Ouro por decisão unânime do júri, Parasita concorre ao prêmio de Melhor Filme Internacional no Film Independent Spirit Awards.
O filme está em cartaz nos cinemas e já foi conferido por cerca de 80 mil pessoas, num boca a boca crescente. Dirigido por Bong Joon Ho (‘O Hospedeiro’ e ‘Okja), que também é corroteirista, Parasita foi selecionado pela Coreia do Sul para concorrer a uma indicação na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2020 e já é uma das principais apostas para a temporada de premiações.
Na trama, todos os membros de uma família estão desempregados e vivendo na miséria, até que o filho mais velho arruma emprego como professor de uma garota rica e o contato dessas pessoas com a vida de luxo e glamour as leva a fazer o necessário para ascenderem socialmente.
Assim como nos longas anteriores do diretor, a crítica social está presente em Parasita, desta vez ainda mais forte ao questionar o estado da sociedade atual e a impossibilidade de pessoas de diferentes classes viverem juntas em um relacionamento simbiótico. E é a partir dessa premissa que Joon Ho definiu o título do filme:
“Há pessoas que esperam viver com outras de uma forma coexistente, mas isso não funciona, então elas são empurradas para uma relação parasitária. É um título irônico”, diz.
As duas famílias nesta história têm algumas coisas em comum, sendo ambas compostas por quatro membros – pai, mãe, um filho e uma filha – mas, em suas vidas cotidianas, ocupam dois extremos completamente diferentes.
Joon Ho define esses dois núcleos:
“Os Kim são uma família de classe baixa que vive num apartamento no subsolo, com apenas a esperança de uma vida comum. O pai falhou nos negócios, a mãe sonhava ser atleta e nunca conseguiu e o filho e a filha tentaram entrar para a universidade diversas vezes sem sucesso. Em contraste, a família do Sr. Park, que trabalha como CEO de uma empresa de TI e é workaholic. Ele tem uma bela e jovem esposa, uma linda filha no Ensino Médio e o filho pequeno. Eles podem ser vistos como uma família ideal de quatro membros entre a elite urbana moderna”.
Com Parasita, o diretor quis
“Retratar a contínua polarização e desigualdade de nossa sociedade. Estamos vivendo uma época em que o capitalismo é a ordem reinante e não temos alternativa. Isso no mundo inteiro. Na sociedade capitalista de hoje, existem castas que são invisíveis aos olhos. Nós tratamos as hierarquias de classe como uma relíquia do passado, mas a realidade é que ainda existem e não podem ser ultrapassadas”, explica.
O filme é em parte engraçado, assustador e triste e mostra as inevitáveis rachaduras que aparecem quando duas classes se enfrentam na sociedade cada vez mais polarizada de hoje.
Parasita leva o público a pensar. Um dos longas mais aclamados do ano, exibido em dezenas de Festivais, é uma aposta certa na temporada de premiações em 2020.
A Vida Invisível
A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, foi indicado na categoria de Melhor Filme Internacional no Independent Spirit Awards.
“É uma honra nosso filme ter sido nomeado. É um reconhecimento do nosso esforço, do cinema brasileiro. Tendo trabalhado tanto tempo dentro da comunidade do cinema independente americano, nos anos 90, esta indicação me contamina de energia – a energia de alta voltagem que está na origem do cinema independente no Brasil e no mundo. E que honra estar ao lado de Retrato de Uma Mulher em Chamas, Parasita, Souvenir, Os Miseráveis e Retábulo. Viva o cinema brasileiro! Vamos torcer pelo que nos une, e não pelo que nos separa”, comemora o diretor.
“Recebo com grande satisfação essa indicação ao mais importante prêmio do cinema independente. A Vida Invisível merece esse reconhecimento e o cinema nacional também”, celebra Rodrigo Teixeira, produtor do longa, que também teve seu filme O Farol, de Robert Eggers, indicado a cinco categorias no Spirit Awards.
A Vida Invisível vem conquistando prêmios importantes nos principais festivais do mundo, como o Grand Prix da mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes – inédito na história do cinema brasileiro –, além de prêmios do público de Melhor Filme e do júri de Melhor Fotografia, no Festival de Cinema de Lima; o CineCoPro Award, no Festival de Munique e, recentemente, na Espanha, levou três prêmios da Semana Internacional de Cine de Valladolid, incluindo Melhor Atriz para as protagonistas Carol Duarte e Julia Stokler e o prêmio da crítica internacional, o FIPRESCI.
O sétimo longa-metragem da carreira de Karim Aïnouz é também o escolhido pelo Brasil para concorrer a uma vaga na categoria Melhor Filme Internacional no Oscar 2020.